

Jesús Castañón
http://www.idiomaydeporte.com/bmldf.htm
ATÉ A PRÓXIMA









Já não agüento mais ver pela televisão as torcidas nas arquibancadas dos estádios, por esse Brasil a fora. Principalmente nas tardes ou noites de inverno, em quase todas as regiões desse nosso imenso território. Os caras, vestindo casacos de moletom, com capuz, agasalhos parecendo imundos, tudo amassado e, talvez, fedendo, espargindo mesmo aquele odor acre de sabão ordinário, como diria o nosso escritor realista, Aluísio Azevedo, em seu romance O Cortiço. Não é preconceito, não! Apenas uma constatação. A nossa sociedade está órfã. Morreu a família. Ficou viúvo o Estado. A Família e o Estado são, no fundo, no fundo, responsáveis pela Sociedade, que distribui suas normas pelos indivíduos, agregados em grupos de solidariedade. Se esses grupos se dissolvem, os indivíduos vão procurar equivalentes, para se agregarem e se unirem em torno de uma nova forma de existência que lhes dêem perspectivas de vida, pois todos nós somos seres gregários. E o que tem tudo isso a ver com as galeras das arquibancadas dos campos de futebol? Tudo. A falta de informação e formação sistemática dos jovens das grandes cidades, aliada a uma péssima instrução para a sobrevivência, faz de uma massa incalculável de jovens uma manada de alucinados irracionais, pulando, quebrando, socando, brigando, xingando, berrando, agindo como verdadeiros animais, torcendo por seus clubes nos campos de futebol. O linguajar chulo já é um indicador dessa falta de educação que a família deveria dar. Mas essa instituição já não existe mais e muitos vão procurar no bando de equivalentes o amparo, o porto seguro, para que suas extravagâncias não sejam reprimidas imediatamente. Ao se agruparem, motivados por uma paixão também irracional – se toda paixão não fosse assim - , sentem-se protegidos e agem como feras soltas nos campos, nas ruas, nas favelas, nas praças, nos pastos, nas savanas ou na escuridão das matas virgens. A salvação para isso passaria pela Educação de Base. Pela Educação contínua, sistemática e assistemática, isto é, dentro e fora da Escola. Mas também nos campos de futebol de muitas praças de esporte da civilizada e culta Europa, vamos encontrar a violência viva nos estádios, deixando visíveis marcas de selvageria. Mas lá, outros fatos podem estar no epicentro desse terrível furacão de truculência urbana. Nos Estados Unidos não presenciamos esse tipo de violência esportiva. Parece que lá os esportes de massa não empolgam tanto, nem mexem com os nervos do saxão, como mexem com o sangue latino. Outros fatores, além da educação e da escolaridade servem de antídoto para dissipar a violência nos estádios americanos. Então, enquanto a bola rola no campo e a galera vibra e briga nas arquibancadas, os esportes de massa e, basicamente, o futebol vão se deteriorando, junto com a sociedade, sem família, sem valores morais, sem ética, deixando seus adeptos à mercê de um Estado viúvo, falido e quase sem forças para dar a volta por cima e casar de novo.
O jogador argentino do Grêmio de Porto Alegre, Maxi López, chamou o cruzeirense mineiro, Elicarlos, de macaco. Ora bolas, deixando um instantinho de lado o incompreensivo e nauseante racismo, acho que esse argentino ruim de bola tem mais cara de “maricon” do que de centro-avante. E aí também discriminei, mas bem feito para ele, quem mandou deixar seus impulsos falarem mais alto do que seu futebol. Só falta agora o presidente apedeuta do Brasil vir à TV e dizer que isso é coisa de "branco de olhos azuis", para azedar mais o pudim... Cruzes! Sai fora!
Esse negócio de Copa do Mundo disputada por seleções dos melhores jogadores de seus países é uma bobagem para o esporte e um grande negócio para muita gente ganhar muito, mas muito dinheiro mesmo. Armando Nogueira já havia dito, há muitos anos atrás, que, no futuro, as copas do mundo seriam disputadas por times e não mais por países. Isso eu já comentei e publiquei em meus livros e no meu Blog. Mas ainda vai levar muito tempo para acontecer essa mudança. O fato é que, no momento, nenhuma seleção de qualquer país ganha de alguns times aqui do Brasil, que se apresentam bem organizados, como o Corinthians, o Internacional de Porto Alegre, o Vasco da Gama e até mesmo o Brasiliense, da segunda divisão do Campeonato Brasileiro em curso. Isso porque futebol é, em primeiro lugar, conjunto. Em segundo lugar, desempenho individual e em terceiro lugar, organização. Debaixo desse tripé os times se formam melhor do que as seleções de cada país, que vão buscar seus jogadores nas equipes que se destacam nos campeonatos regionais ou nacionais, sem muito tempo para treinar. Vejam o que acontece agora com a Seleção Canarinho. Nunca se sabe se vai jogar um centro-avante ou outro. Será Pato ou Nilmar. Será esse ou aquele; será um ou outro? É claro que essa exuberância de talento é um alento, que o diga a atuação de Kaká, sempre espetacular. O Brasil, certamente, vai se classificar, mas o que discutimos é que SELEÇÃO tem que rimar com ASSOCIAÇÃO que no fundo, no fundo é CONJUNTO e isso caracteriza o “football association”. Aos poucos ajustam-se os jogadores a uma forma bonita de jogar e o futebol brasileiro estará, mais uma vez, representado numa copa, dessa vez na África, em 2010.
A bola vai rolar nos gramados brasileiros de muitas capitais que vão receber as seleções de futebol para a Copa do Mundo de 2014. Os gramados ou relvados como dizem os nossos irmão portugueses, devem ser muito bem cuidados com grama de excelente qualidade. E por falar nisso, vejam que coisa interessante acontece com a nossa língua.
É claro que todo mundo tem o direito de torcer por qualquer time de futebol, mas torcedor político que se declara admirador de times de massas, frente à mídia, é, no mínimo, suspeito de demagogia ou de tentar faturar votos em qualquer eleição. Nunca vi nenhum político dizer abertamente que torce pelo São Cristóvão ou pelo Juventus, do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Esses nossos políticos, principalmente os mais demagogos, como é o caso do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, torcem pelo time de maior número de torcedores. No caso de Lula, dublê de "arquibaldo" e “Qualhada”, o seu time escolhido foi o Corinthians. Nada contra essa tradicional agremiação futebolística, pelo contrário, queremos muito bem a todos os times que envolvem o futebol num grande e fenomenal espetáculo massivo. Mas somos declarada e apaixonadamente torcedores. E como torcedor de um dos mais significativos clubes do futebol do Brasil, como é o caso do Fluminense do Rio de janeiro, não poderíamos deixar de nos expressar antes de um confronto direto, envolvendo dois grandes times, de São Paulo e do Rio de Janeiro, na disputa pela Taça do Brasil de 2009, que se realiza, hoje, dia 13 de maio de 2009, no Estádio do Pacaembu. Agora, abrir os jornais, a internet e várias revistas eletrônicas e ver a triste figura desse desastrado presidente, postado ao lado de Ronaldo, o Fenômeno, promovendo o Corinthians, não é coisa de fácil digestão.
Quem alimenta a imbecilidade explícita de muitos jogadores do nosso futebol profissional é o juiz, em campo. Muitos não têm coragem de agir conforme a Lei do jogo. Estão a serviço dos resultados. Ficam preocupados com o que poderá acontecer depois. Comprometem-se inexplicavelmente com a patifaria que graça no mundo esportivo atual. Muitos têm um comportamento desviante, incompatível com a graça do jogo (entenderam?). Mas hoje em dia quem se importa com tudo isso? Vivemos um momento crucial em relação à ética e a tudo que é digno, sério e fundamental para a vida social honrada e franca... Daqui a alguns dias ninguém mais vai falar das bobagens desses árbitros despreparados. O tempo é um implacável destruidor de vestígios... Bem, nesse último domingo, 26 de abril de 2009, no jogo entre Flamengo e Botafogo, Juan foi driblado por Maicosuel e o atacou com um pontapé desleal. Depois, não conformado, montou nas costas do atacante alvinegro e, de dedo em riste, na altura da orelha do coitado, estirado no gramado, desabou sua mediocridade verborrágica, tentando dizer que se ele fizesse aquilo novamente seria irremediavelmente esquartejado e seus restos mortais atirados aos abutres (urubus) nas arquibancadas. Não existe essa bobagem de humilhação pelas jogadas de grande impacto visual dentro de campo. Já falei, inclusive sobre o tal DRIBLE DA FOCA, lembram ? As coisas mais belas do futebol são os dribles e os gols. Esse toquinho de gente, brigão, encrenqueiro e medíocre lateral deveria é se mirar nos exemplos de Ronaldo, o Fenômeno, que quase no mesmo horário, tratou a bola com imenso carinho, driblou maravilhosamente e fez dois gols de placa aplaudidos pelo Rei Pelé que a tudo assistia. Maravilha! Cartão vermelho para esse jogadorzinho, aprendiz de moleque ? Não senhor, o árbitro amarelou.
Prestem atenção, meus amigos. Um jogador que desponta para o sucesso, com tenra idade, sem escolaridade e cultura geral mínima, isto é, sem saber, por exemplo, o nome da capital do país para onde vai, quase sempre não é orientado por seu procurador, a respeito de como é viver no primeiro mundo, principalmente o europeu. Aliás, os procuradores desses craques-mirins estão interessados nos seus milionários contratos, pois recebem comissões ou algo parecido que engordarão suas poupanças. Assim e aí começam os problemas. Vejam, ainda. Se um desses craques que despertam para o estrelato internacional ganhasse aqui no Brasil, por exemplo, mais ou menos uns quinhentos mil reais por mês, pouco em relação aos dez ou cem mil euros, mas muito dinheiro para aqui viver bem, poderia perfeitamente amadurecer em paz em sua terra natal e ser muito feliz. Acompanhem minha tese a respeito. O cara com quinhentos mil reais de salário, grana que equivaleria a dois apartamentos de dois quartos por mês em Botafogo ou no Flamengo ou ainda, a sete carros de 70 mil reais cada um, bonitos, funcionais, muito bacanas, se sentiria muito bem e satisfeito, tenho certeza. Com toda essa baba preta, não faltariam gatinhas de plantão, em toda zona norte, para desfilarem em seus carrões nacionais e até com eles viajarem para fora do país, em rápidas férias, iniciando com o chek-in nos aeroportos internacionais do nosso amado, idolatrado, salve-salve, viva o Brasil! Se colocassem na poupança da Caixa todo esse dinheirão brasileiro, teriam, mensalmente, uns três mil reais sem fazer nada. Aqui, eles saberiam onde passar seus dias de folga. Leriam em português suas revistinhas de história em quadrinhos, jogariam totó nos hoteis, durante as concentrações, ouviriam rádio e as notícias das emissoras sensacionalistas que só anunciam mortes, assaltos, fofocas e liquidações formidáveis das Casas Bahia. Assistiriam às novelas da Globo, torcendo para os mocinhos e imitariam a moda do vestiário exibida pelos artistas famosos da novela das oito, tudo com muito mais segurança em seus atos do que vocês, leitores, podem imaginar. Continuando. Agora, o que sabem eles de italiano, inglês, francês, alemão, grego, russo ou até castelhano? Nada. Absolutamente nada! Mas, em poucos meses eles não aprenderiam a língua local? Que nada! Aprender uma língua não é perceber somente o significado de algumas palavras. É entender outros tópicos culturais do ambiente circundante em que vivem, pois a língua é apenas um dos vários outros signos culturais de uma sociedade. Aliás, o mais importante. Com o aprendizado de uma língua, toda uma gama cultural, um vasto acervo genérico, completa a formação integral de cada indivíduo. Isso é rápido? Não, repetimos. É demorado e doloroso. Adriano que o diga. Que sentido teve um palácio para esse Imperador do futebol de Roma, adquerido por milhares ou milhões de euros? Sentido nenhum para o jovem e iletrado Adriano, um senhor jogador de futebol, um excelente sujeito, mas um rapaz sem qualquer entendimento a respeito das formas arquitetônicas de seu edifício, de sua magnífica casa, de sua estupenda residência. Será que ele usava e entendia todos os signos semiológicos de sua mansão? Por exemplo, que sentido teria o triclínio na sua grandiosa sala de jantar? E era lá que reunia seus poucos amigos ou convidados. Quase todos os presentes, certamente, teriam poucas informações a respeito e estariam com seus repertórios semiológicos nivelados por baixo. Queremos dizer que, talvez, ninguém que frequentasse seu palácio soubesse o significado daquele móvel romano, colocado na ampla sala por uma competente decoradora, a serviço das melhores grifes da Roma moderna e capitalista. Então (e Parreira confirmou em sua entrevista no programa BEM AMIGOS de Galvão Bueno) Adriano saía da ampla sala e ia para a churrasqueira, fritar lingüiça e bebericar cachaça com limão, açúcar e gelo, brindando a todos e à sua angústia com uma brasileiríssima e plebeia caipirinha.
Uma personalidade pública pode ser apreciada, analisada e comentada pela mídia, desde que se mantenham as normas mais dignas de respeito e consideração. Mas hipóteses e muitas especulações podem surgir, guardando sempre aquelas atitudes de civilidade e bom senso nos comentários. É o caso do jogador da Inter de Milão, Adriano. Nunca vi pessoalmente esse craque do futebol mundial. Tudo isso que falam sobre a sua decisão de deixar momentaneamente o futebol ouvi nos comentários da televisão e li nos jornais das principais capitais do Brasil, principalmente no eixo Rio-São Paulo.
Adriano vem, há muito tempo, tendo um comportamento estranho, no que diz respeito às atitudes de um jogador profissional, com contrato e pagamento em dia. As notícias sempre ocorrem sobre suas atitudes incompatíveis a um profissional bem resolvido com seu clube, com sua torcida, com a Seleção de seu país, com sua Confederação, mas não com sua família e, principalmente, consigo mesmo. Bem, isso ele deixa claro nas entrevistas e sobre essas coisas especula-se muito. Será que ele está ou esteve envolvido com drogas, com a vida luxuriante, com a futilidade dos prazeres mundanos que o dinheiro proporciona no sistema capitalista? Não parece ser isso a causa fundamental de seu comportamento desviante. Mas o que é um comportamento desviante? Seriam as atitudes tomadas por uma pessoa, pressionada pela imposição da sociedade, diferente do que ela, a sociedade, dispõe como normal e certo. A força da norma ataca o ser humano na civilização. Freud tem um excepcional livro, base de muitas das suas principais teorias psicanalíticas, intitulado MAL-ESTAR NA CIVILIZAÇÃO. A caracterização do neurótico pode ser observada no Capítulo V dessa obra. Seria Adriano um neurótico? Segundo Freud, “O neurótico cria, em seus sintomas, satisfações substitutivas para si, e estas ou lhe causam sofrimento em si próprias, ou se lhe tornam fontes de sofrimento pela criação de dificuldades em seus relacionamentos com o meio ambiente e a sociedade a que pertence”.
Não analisaremos o Adriano como um paciente de divã, não é isso. Vamos tentar sempre apresentar uma explicação para o comportamento desviante desse “cracaço” de bola. Adriano se envolveu como é natural, com belas e esculturais mulheres, dizendo-se, algumas vezes, apaixonado por elas, mas sempre frisando que dificilmente seria compreendido. Por quem? Todos os que lidam ou já lidaram, profissionalmente, com o jogador disseram que ele é meigo, muito dócil, bonzinho, que gosta de todo mundo, de seus amigos, de sua comunidade, das pessoas de um modo geral. Carlos Alberto Parreira disse isso, recentemente, no programa de Galvão Bueno, BEM AMIGOS, da Rede Globo de Televisão.
Agora, voltando ao pai da psicanálise. Freud também faz referência à parte de um dos primeiros mandamentos da fé católica que diz: amará a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Prossegue Freud: “Essa exigência, conhecida em todo o mundo, é, indubitavelmente, mais antiga que o cristianismo que a apresenta como sua reivindicação mais gloriosa... Por que deveremos agir desse modo? Que bem isso nos trará? Acima de tudo, como conseguiremos agir desse modo? Como isso pode ser possível? Meu amor, para mim, é algo de valioso, que eu não devo jogar sem reflexão. A máxima me impõe deveres para cujo cumprimento devo estar preparado e disposto a efetuar sacrifícios. Se amo uma pessoa, ela tem de merecer meu amor de alguma maneira..... Ela merecerá meu amor, se for de tal modo semelhante a mim, em aspectos importantes, que eu me possa amar nela; merecê-lo-á também, se for de tal modo mais perfeita do que eu, que nela eu possa amar meu ideal de meu próprio eu (self)”.
Freud continua, dizendo que se há algum grau de envolvimento, como numa estrutura de parentesco, por exemplo, o amor poderá existir, “mas, se essa pessoa for um estranho para mim e não conseguir atrair-me por um de seus próprios valores, ou por qualquer significação que já possa ter adquirido para a minha vida emocional, me será muito difícil amá-la. E continua: Na verdade, eu estaria errado agindo assim, pois meu amor é valorizado por todos os meus como um sinal de minha preferência por eles, e seria injusto para com eles, colocar um estranho no mesmo plano em que eles estão”.
Adriano pode ser bonzinho, meigo, doce, amável, segundo depoimento de pessoas ligadas ao esporte que com ele conviveram, mas não será sempre assim, no recôndito refúgio de sua solidão. Se ele é bonzinho, pois a sociedade, através de seus porta-vozes assim o disseram, e ele ouviu essas declarações midiáticas, vai querer que assim seja e se confundirá, instaurando-se o conflito em sua precária realidade e ele passará a fingir, fantasiando o real, sintomatizando a neurose.
Bem, por enquanto ficaremos por aqui, mas convido meus leitores amigos para essa discussão que será abrilhantada por um dos maiores intelectuais brasileiros, profundo conhecedor da teoria freudiana-lacaniana em nosso país, o Professor Doutor Antônio Sérgio Lima Mendonça, que apresentará outros comentários sobre esse instigante tema: o comportamento social do craque Adriano, do Internationale de Milão e da Seleção Brasileira de Futebol.
ATÉ A PRÓXIMA

Assim começam as Construções do Povo, sem acompanhamento adequado, em breve mais uma favela em Xerém e a culpa não é do FLUMINENSE.
TIJUCA E ENTORNO.