PESQUISE NUMA BOA

terça-feira, 27 de julho de 2010

T R I V E L A

O termo TRIVELA pertence à linguagem especial do futebol. É de uso corrente entre os narradores das partidas transmitidas tanto pelo rádio como pela televisão. Os articulistas de jornais e revistas também o usam. Portanto, esse termo pertence ao vocabulário ativo da linguagem futebolística, mas não é produtivo, isto é, com ele não se formam termos cognatos. São comuns expressões como: “Deu de trivela”; “Foi de trivela”; “Jogou ou lançou a bola de trivela”. Sempre a expressão DE TRIVELA é apresentada como um adjunto adverbial de modo.
TRIVELA é o chute dado com o lado externo do pé, e todos dizem que são os três dedos que tocam a bola, dando um incrível efeito, fazendo-a girar numa trajetória semelhante a um arco de círculo. Mas como se sabe que o chute foi dado com os três últimos dedos externos do pé, se a chuteira os encobre totalmente? Tentaremos responder, buscando as origens desse termo. Não temos conhecimento, hoje, de nenhuma tentativa de explicação. Como sempre fui seduzido pela questão das origens, pois tudo que está escondido no passado e faz parte da vida do homem, me encanta e desperta curiosidade, procurei tentar descobrir o que deu motivação a esse termo do futebol, mesmo sabendo que, em matéria de linguagem, a arbitrariedade do signo lingüístico existe e nos foi ensinado magnificamente pelo mestre franco-suíço, Ferdinand Saussure.
A decomposição mórfica desse vocábulo parece ser TRI + VELA. Se essa for a formação, isto é, se esses forem os elementos constituintes do vocábulo TRIVELA, cada um deles deve ter um significado, pois parece que são dois monemas, de acordo com a constituição mórfica desse termo. TRI corresponde ao significado três. E VELA? Bem, aí é que entra a observação e a experiência do pesquisador. Tudo leva a crer que VELA é o termo que irá significar, por metáfora, cada um dos dedos do pé do atleta, pois como os dedos das mãos, os dedos dos pés têm a forma de velas de aniversário, pequenas, com a unha no lugar da chama viva. Com um pouco de imaginação pode-se quebrar a arbitrariedade do signo lingüístico, tornando o significante motivado, dando origem a essa interpretação. São três velas os três dedos externos do pé do atleta, que com eles chuta a bola. E mais, o vocábulo surge com expressividade fônica: /TRI/-/VE/-/LA/. E se imaginarmos que o chute fosse dado com os quatro dedos, pois tudo está encoberto pela chuteira? Aí, então, talvez, pudessem surgir os termos TETRAVELA ou QUADRIVELA, o que, convenhamos, não seria eufônico, nem seria compatível com os mistérios do futebol e de sua magnífica linguagem figurada, pois TETRA é vocábulo dissílabo, mais longo e menos popular do que TRI. QUADRI está no mesmo caso da quantidade silábica e não tem nenhuma expressividade significativa. O povão não traduziria estas formas... Está aí, pois, registrada, mais uma humilde colaboração na área da interminável investigação linguística.

ATÉ A PRÓXIMA

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