PESQUISE NUMA BOA

sábado, 17 de outubro de 2009

É DOSE, "MEO" !


Quando eu dava aula de Língua Portuguesa no antigo Curso Ginasial e Científico, mais tarde Primeiro e Segundo Grau, estudavam-se muitas particularidades ocorridas em nosso idioma, tanto nos estudos diacrônicos como nos estudos sincrônicos. Isso era difícil para os alunos? Pode ser que sim, pois muitos professores obrigavam seus alunos a decorar os famigerados metaplasmos. Quem estudou naquela época se lembra. Mas sempre optamos por apresentar os fatos históricos respaldados pelos acontecimentos corriqueiros do dia-a-dia, para mostrar que o que ocorreu em nosso idioma, num passado distante, continua, muitas vezes, ocorrendo e, assim, o aluno percebia que o presente repete a história e as coisas ficavam bem mais fáceis. A mesma metodologia eu aplicava ao ensino do Latim e aproveitava, sempre que possível, para mostrar que a Língua Portuguesa atual é mutatis mutantis, aquele latim vulgar, estropiado, modificado e mais novo, falado pelo povo, principalmente nas regiões entre o Douro e o Minho.
Esta nostálgica introdução serve para mostrar, mais uma vez, agora sem a preocupação docente de exposição do tema, sua fixação e posterior verificação de uma possível aprendizagem, que alguns fenômenos morfofonêmicos, ocorridos lá pelos séculos II e III, na Tarraconense, Bética ou Lusitânia, regiões da Península Ibérica ocupadas pelos soldados de Roma, estão ainda se reproduzindo em pleno século XXI, no falar do povo humilde brasileiro. Um exemplo disso foi o que ouvi hoje numa entrevista de um jogador do São Paulo Futebol Clube, após a derrota de 1 x 0 para o Clube Atlético Mineiro, no Estádio do Morumbi. O repórter do Canal a Cabo, SPORTV perguntou ao jogador são-paulino se o campeonato estaria perdido. Richarlyson, meio-campista do tricolor paulista, disse: “Não podemos perder em casa num campeonato tão COMPETIVO como esse”. Isso mesmo, COMPETIVO em vez de COMPETITIVO. Sabem como é o nome desse fenômeno morfofonêmico? Chama-se HAPLOLOGIA. Isso ocorre quando duas sílabas de uma palavra estão contíguas, na composição ou na derivação. Ocorre que uma delas é suprimida. Vejam o que aconteceu, há muito tempo atrás. SEMIMÍNIMA, ficou SEMÍNIMA; TRAGICOCOMÉDIA, ficou TRAGICOMÉDIA; CANDIDINHA, ficou CANDINHA; ESPLENDIDÍSSIMA, ficou ESPLENDÍSSIMA. Esses são alguns exemplos entre muitos que poderíamos apontar. Mas já ia me esquecendo. A haplologia pode ser, ainda, sintática, quando a parte eliminada é uma palavra repetida numa frase. Pronunciem Rua Visconde de Abaeté. A preposição DE é eliminada. Mostrar por que isso tudo aconteceu e continua acontecendo era o meu pulo-do-gato, para que a matéria não se tornasse enfadonha. Eu tentava buscar sempre uma explicação e induzia a turma a encontrar outras, num processo motivador conhecido como “DESCOBRINDO A PÓLVORA”. Nessas HAPLOLOGIAS acima se percebe a dificuldade na pronúncia dos vocábulos apontados como exemplos. Da mesma forma, o jogador do São Paulo, amolado com a derrota, vendo o título escapar em casa, não teria condições de se desempenhar lingüisticamente, de acordo com a norma culta da língua. Falando rápido, COMPETITIVO funciona mesmo como um trava-língua. “É dose, meo...”

ATÉ A PRÓXIMA

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

RIO DE JANEIRO 2016



Parabéns Rio de Janeiro. A Cidade Maravilhosa vai sediar os Jogos Olímpicos em 2016. Foi um trabalho sério, realizado pelos nossos técnicos, especialistas de toda ordem, políticos e representantes dos mais variados segmentos esportivos brasileiros, que souberam convencer a comissão organizadora do Comitê Olímpico Internacional (COI), em Copenhague, mostrando que o Brasil pode realizar uma festa de tal envergadura. Hoje é um dia histórico para nós, pois será a primeira festa olímpica na América do Sul. O “loby” brasileiro foi muito bem executado e contou com inúmeras autoridades lá na Diamarca, inclusive o presidente Lula. O Rio de Janeiro será o maior beneficiário desses jogos, porque a cidade deverá ser completamente remodelada, com o surgimento de benfeitorias em seu sistema de transporte de massa e em vários outros setores, trazendo para a população um bem-estar há muito tempo esperado. O esporte deverá amadurecer e receber, além de incentivos oficiais para fazer bonito na competição olímpica, um forte contingente de jovens atletas, motivados pela escolha do Brasil para abrigar esse grande acontecimento, tudo por força do aumento inevitável da auto-estima de cada brasileiro, de cada carioca, o que é fundamental para uma participação competitiva, alavancada por essa motivação tão ansiosamente esperada por todos nós. O Rio de Janeiro vai arregaçar as mangas e começar a trabalhar duro e firme na realização do Projeto Olímpico que deverá ultrapassar as benesses do imediatismo e projetar
no futuro a grandeza desse presente invejável. Mas nossos políticos e todos os demais
responsáveis pelas transformações que a cidade do Rio de Janeiro sofrerá terão de ser
tão sérios no manuseio das bilionárias verbas que serão alocadas para a realização das obras, quanto foram para convencer os delegados do COI com direito a voto. Que seja essa uma nova era para a Cidade Maravilhosa. Era de prosperidade e remissão dos incontáveis crimes aqui perpetrados, em nome da ganância, da corrupção e do oba-ôba
passageiro. Não devemos nos mirar nos desmandos ocorridos nas olimpíadas realizadas em 2004 na Grécia e sim nos valores olímpicos que o povo grego dispensava a esses jogos e que o coração de Pierre de Fredi, o Barão de Coubertin, enterrado em Olímpia, pulse honesto no peito de nossos dirigentes políticos, empresários e responsáveis pela preparação atlética de nossos futuros heróis olímpicos. Parabéns Cidade Maravilhosa, Rio-Cidade, Rio-Sonho, sonho de um Deus petrificado no alto do monte, que acordará feliz por ter realizado um sonho, sonhado por milhões de cariocas.


ATÉ A PRÓXIMA