PESQUISE NUMA BOA

quinta-feira, 17 de julho de 2008

OS NOMES PRÓPRIOS NOS ESPORTES DE MASSA


É só repararmos os nomes de muitos conhecidos jogadores de futebol dos times que disputam o Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão, para chegarmos à conclusão de que esses substantivos próprios estão carregados de afetividade. É isso mesmo! São muitos, como Carlinhos, Marquinhos, Paulinho, Luizinho, Fabinho, Renatinho etc. Mas há Carlão, Luizão, Marcão, Paulão, Fabão e muitos mais. Dizemos que a maioria desses nomes próprios é constituída por formas recheada de afetividade, porque são todos atletas de estatura razoavelmente elevada, fazendo juz ao aumentativo ou, por antítese, jogadores não muito altos, que têm seu nome em aumentativo por inúmeros motivos, inclusive por afetividade. Parece ser o caso de Magrão (ex-Palmeiras), onde o peso e o físico marcaram mais do que a altura. A verdade é que sempre está surgindo uma forma conotativa para marcar a presença de cada um, em suas equipes. Isso, aliás, é muito comum na família brasileira, que tem essa mania de dar forma diminutiva ou aumentativa aos nomes dos meninos, no aconchego do lar. Depois esses nomes acompanham o jovem, o adolescente, o rapaz adulto em suas atividades profissionais. Por outro lado, muitos só recebem esse carinhoso nome, quando chegam aos novos ambientes de trabalho, mesmo não os ostentando ao se apresentarem aos clubes, onde vão tentar a vida, como atletas profissionais. É o caso dos jogadores de futebol. Mas só de futebol, porque isso não é comum acontecer com os jogadores de basquete ou vôlei, que recebem geralmente o sufixo aumentativo, relacionado diretamente à sua grande estatura.

Nesse caso, o aumentativo é denotativo. E o diminutivo também, como parece ser o caso de Serginho, líbero da atual Seleção Brasileira de vôlei. Ele é o menor do grupo. Mas há poucos nomes próprios com esses sufixos, como, por exemplo, os nomes dos rapazes da "geração de ouro" de vôlei, como Carlão e Paulão. Na "geração de Bernardinho", aparece Rodrigão, o meio-de-rede, com 2,05m. Aliás, no vôlei, onde a média de altura dos jogadores varia entre 1,90 a 2,0m não ocorre, a exagerada terminação ÃO, denotando tamanho, pelo contrário, aparecem alguns diminutivos também afetivos. O técnico Bernadinho, da "geração de prata", Marcelinho e Ricardinho, esse atualmente em desgraça, por comportamento estranho às orientações técnicas, são exemplos de diminutivos em atletas de grande altura. O elenco de nossa seleção de vôlei apresenta poucos nomes próprios com esses sufixos, quer aumentativo, quer diminutivo. Observem: "Geração de Prata" - Bebeto de Freitas (técnico), William (levantador), Bernard Rajzman, criador do saque Jornada nas Estrelas, Xandó, Renan, Badalhoca, Montanaro, Bernardinho ; "Geração de ouro" - José Roberto Guimarães (Técnico), Tande (Ponta), Marcelo Negrão (Oposto), Giovane (Ponta), Maurício (Levantador), Carlão (Meio), Paulão (Meio), Pampa (Ponta), Douglas (Meio), Amauri (Meio), Janelson (Ponta), Jorge Edson (Meio), Talmo (Levantador); "Geração Bernardinho" - Bernardinho (técnico), Anderson (oposto), André Heller (meio-de-rede), André Nascimento (oposto), Dante (ponta), Giba (ponta), Gustavo Endres (meio-de-rede), Marcelinho (levantador), Murilo Endres (ponta), Ricardinho (levantador), Rodrigão (meio-de-rede), Samuel (ponta), Serginho (líbero), Bruninho (levantador). Outros jogadores: Nalbert (campeão olímpico em 2004), Giovane (campeão olímpico em 2004), Maurício (campeão olímpico em 2004).

No basquete também não ocorre com muita freqüência essa sufixação, tanto afetiva como referencial e citamos, por exemplo, alguns atletas que tentam ir agora às Olimpíadas de Pequim, neste ano de 2008, comandados pelo técnico espanhol Moncho Monsalve. São eles, entre outros: Guilherme Giovannoni, Nenê, Anderson Varejão, Guilherme, Leandrinho, Duda Machado, Marcelo Machado. É importante dizer que o universo de jogadores de vôlei e basquete é infinitamente menor do que o dos jogadores de futebol, nesse Brasil de paixão exarcebada pelo “velho e violento esporte bretão”. Falamos dos aumentativos e diminutivos masculinos. E os femininos? É interessante o que ocorre, no futebol, no vôlei e no basquete.

Tomemos a Seleção Brasileira Feminina de Futebol, do Pan 2007. Suas jogadoras eram Andréia, Simone Jatobá, Aline Pelegrino (capitã), Tânia Maranhão e Michele; Renata Costa, Daniela Alves, Formiga e Maycon. Outras jogadoras: Cristiane e Kátia Cilene. Em nenhum desses substantivos próprios há sufixos, nem denotativos, nem conotativos, isto é, os nomes das jogadoras não têm a complementação conotativa-afetiva (-inha), nem a complementação denotativa-pejorativa, talvez, (-ona). E mais: Duda, Gabbi, irmã de Duda, Daniela Alves, Cristiane, Rosana, Aline, Kátia Cilene, Daniela Alves, Cristiane e Marta, a melhor do mundo, segundo a FIFA. Encontramos, ainda, a jogadora Pretinha, de 1,57m (Delma Gonçalves), com o sufixo –inha introduzindo, nitidamente, a noção de afetividade, por ser ela muito querida pelo grupo, além da noção denotativa, por sua pequena estatura. Isso é surpreendente, pois se esperava que o povo, ao acolher carinhosamente seus ídolos femininos, se manifestasse também com generosidade lingüística, chamando-as, com todo afeto, de Martinha, Dudinha, Danielinha etc.

No vôlei feminino ocorrem registros dos dois sufixos; o de diminutivo e o de aumentativo. Assim, temos as jogadoras, mundialmente consagradas com vários títulos mundiais: Fofão, apelido dado pelo técnico José Roberto a Hélia Rogério de Sousa, de 1,73m, por achar seu nome muito complicado. Por que não Fofona ou Fofinha? Não encontramos outro nome próprio feminino com esse sufixo –ão. Já em Valeskinha, nome de Valeska dos Santos Menezes, de 1,80m, parece que foi adotada essa forma para não confundir com Walewska Moreira de Oliveira, de 1,90m. Ainda, a nosso ver, encontramos os afetivos Joycinha (Joyce Gomes da Silva), de 1,90m e Renatinha (Renata Colombo, de 1,81m), jogadora que pertenceu ao Rexoma-Ades.

No basquete feminino encontramos Katião (Kátia Denise), de 1,87, do BCN/Osasco, cuja forma aumentativa é devido a sua elevada estatura. No passado recente as grandes estrelas foram Hortência e Magic Paula. A primeira nunca foi chamada de Hortencinha, embora os torcedores tenham tido por ela o maior carinho. Já Paula recebeu, com toda justiça, o epíteto de Magic. As meninas da “bola ao cesto” mais conhecidas atualmente são Claudinha, Adrianinha, Natália, Micaela, Karla, Chuca, Jaqueline, Karem, Fernanda, Êga, Mamá, Franciele, Karina, Kelly, Graziane, Alessandra, Helen, Janeth, Iziane, Érika, Cíntia. Somente duas dessa lista respondem pelo seu nome com o sufixo –inha.

No futebol masculino a coisa é diferente. Esse esporte de força, de muitos movimentos, de saltos, correria, lances bruscos, muitas vezes responsáveis por graves contusões, apresenta seus “craques” e muitos jogadores importantes com aquela característica bem familiar do diminutivo ou do aumentativo. É interessante registrar que o aumentativo também pode introduzir a noção de “excelente”, “fantástico” quando, ao nome do jogador de grande destaque na partida, é acrescentado o sufixo –ão. Citamos como exemplo o goleiro do Palmeiras, ex-Seleção Brasileira, que, normalmente, é escalado com o nome de Marcos, mas se transforma em Marcão, ao fazer defesas maravilhosas, fechando o gol, como se diz na gíria do futebol. É chamado de Marcão tanto pelos locutores que transmitem as partidas, como pelos torcedores nas arquibancadas. Parece que houve uma contaminação semântica entre o sentido do sufixo –ão, com o conceito de “bom”, “excelente”, porque o dimensionamento (tamanho), inerente ao sufixo –ão, em substantivos, se mistura à forma idiomática de se empregar um substantivo com o valor (adjetivo) superlativo. Diz-se “ele é um homão”, querendo-se dizer que “ele é um homem muito bom, excelente homem”. O substantivo próprio (Marcão) passa a se comportar desta mesma forma, isto é, com função adjetiva, capaz de poder expressar, pelo sufixo a ele acrescentado, um sentido de intensidade. Esse fenômeno lingüístico está na deriva da língua portuguesa, uma vez que ocorre com certa freqüência, em situações quando, na linguagem, predomina a função poética. Há muitos anos, apareceu em out-doors, na cidade do Rio de Janeiro, uma publicidade do então Banco do Estado, BANERJ, pioneiro no lançamento do cheque especial, que dizia o seguinte:
BANERJ, O BANCO DO CHEQUÍSSIMO.

Agora, alguns nomes de jogadores com sufixo –inho.
Marquinho – Marco Aurélio Pereira Alves (Atlético Mineiro), de 1,72;
Luizinho Netto – Luís Idorildo Netto da Cunha (Atlético Mineiro), de 1,85m;
Carlinhos Bala – José Carlos da Silva (Cruzeiro, Sport Recife), de 1,65m;
Marinho – Mairon César Reis (Atlético Mineiro), de 1,79;
Danilinho – Danilo Veron Bairros (Atlético Mineiro), de 1,64;
Mazinho – Elismar Cândido Santos (América Mineiro), de 1,72;
Marcinho – Márcio José Oliveira (Atlético Mineiro), de 1,71;
Ilzinho – Ilson Pereira Dias Júnior ( São Paulo), de 1,78;
Romerito – Romer Mendonça Sobrinho ( Goiás Esporte Clube), de 1,83;
Leandrinho – Leandro da Silva Batista (Esporte Clube Juventude), de 1,69;
Edinho - Edison Carlos Felicíssimo Polidório (Paraná Clube);
Dininho – Irondino Ferreira Neto (Palmeiras), de 1,83;
Rafinha – Rafael da Silva Francisco (Grêmio de Porto Alegre), de 1,67;
Diguinho – Rodrigo Oliveira de Bittencourt (Botafogo), de 1,71;

E mais:

Serginho, Eltinho, Edinho (de Edmo), Fabinho, Foguinho (apelido, de fogo), Paulinho, Chiquinho, Juninho Paulista, Marcinho Guerreiro, Marcelinho . E são inúmeros

O jogador ZINHO, que defendeu o Flamengo, Seleção Brasileira, Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio, Yokahama (Japão), Nova Iguaçu (RJ) e Miami FC pode ser considerado um caso sui generis, pois um sufixo (morfema nominal) se transforma em lexema (substantivo próprio) devido, inegavelmente, ao seu incomum nome de batismo, Crizam César de Oliveira Filho, e à sua pequena estatura, mas tudo isso direcionado para uma nova forma afetiva de denominá-lo.

Muitos jogadores de futebol têm seus nomes no aumentativo, quase sempre por serem de estatura elevada. Assim:

Luizão – Luís Carlos Nascimento Júnior (Cruzeiro, de MG), de 1,84;
Fernandão – Fernando Lúcio da Costa (Internacional de Porto Alegre), de 1,90;
Magrão (apelido) – Márcio Rodrigues (Corinthians, SP), de 1,86;
Carlão – Carlos Roberto C. Jr. (Corinthians, SP), de 1,82;
Betão – Ebert Willian Amâncio (Corinthians, SP), de 1,81;
Chicão (sem aparente explicação) – Anderson Sebastião Cardoso (Figueirense de SC), de 1,81;
Fabão – José Fábio Alves Azevedo ( São Paulo), de 1,87.

É muito longa a lista desses nomes próprios, masculinos e femininos, com os sufixos –inho(a) ou –ão, pois essa maneira afetiva, debochada ou até pejorativa está enraizada na nossa cultura e é assim que os meninos e meninas são chamados no seio familiar, levando, muitas vezes, para a vida profissional essa marca lingüística que deve ser respeitada. Achamos que esse texto deu para se ter uma idéia dessa curiosa diversidade de nomes próprios nos esportes de massa, no vôlei, no basquete e, principalmente, no futebol.


ATÉ A PRÓXIMA

terça-feira, 15 de julho de 2008


Terça-feira, 25 de Março de 2008

UM NOVO BLOG: LETRAS FUTEBOL CLUBE



Depois da pesquisa que fizemos, ficamos sabendo quais são os assuntos preferidos no nosso BLOG DO SUL, DA BOLA E DAS LETRAS e resolvemos caminhar em duas direções.
No BLOG DO SUL, DA BOLA E DAS LETRAS ficarão as postagens referentes aos assuntos sobre Filologia, Etimologia e Gramática junto com Crônicas do Cotidiano.
No segundo BLOG, batisado de LETRAS FUTEBOL CLUBE, vamos apresentar postagens referentes à linguagem do futebol, curiosidades sobre o jogo da bola e qualquer aspecto literário que venha envolver ou fale dessa plurifacetada forma de espressão esportiva, a grande metalinguagem futebolística, que é esse fabuloso esporte de massas.
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A LÍNGUA PORTUGUESA E O FUTEBOL



M E T O N Í M I A


Metonímia - Em sentido lato, isto é, em sentido amplo, “é a figura de linguagem que consiste na ampliação do âmbito de significação de uma palavra ou expressão, partindo de uma relação objetiva entre a significação própria e a figurada. Com esta definição, a metonímia abrange a sinédoque” (Cf. Mattoso Câmara Jr., Op. Cit., 1999, p.167). Um exemplo. Cem cabeças de gado. Stricto sensu, isto é, no sentido mais limitado, as principais relações na metonímia são: a) lugar pelo produto; b) causa pelo efeito; c) matéria pelo objeto; d) marca pelo objeto; e) sinal pela coisa significada; f) abstrato pelo concreto; g) autor pela obra; h) continente pelo conteúdo. No futebol, quer dizer, nos textos que falam do futebol, podemos encontrar muitas situações em que a METOMÍNIA se faz presente. Vamos exemplificar com alguns termos, como: BANCO - BANDEIRINHA - BARBANTE - BICO e muito mais. Vejam lá.1- BANCO - Significa todos os jogadores reservas que ficam sentados no banco e estão aptos a jogar. Guarda uma noção de plural o que, talvez, justifique a frase dita, um dia, por um técnico de futebol: - “O banco do meu time são de jogadores excelentes”. Ouvem-se, ainda, sem relação ao que foi dito antes, expressões como: “Qual é o banco do Fluminense?”; “Romário está no banco?”. Termo usado, por metonímia, na linguagem esportiva em geral.




2- BANDEIRINHA - Auxiliar de arbitragem nas partidas de futebol, que assinala as faltas, impedimentos, laterais, levantando uma pequena bandeira (vermelha ou amarela ou quadriculada em vermelho e amarelo). Atualmente envia um sinal eletrônico, recebido pelo árbitro, chamando a sua atenção para algo mais sério, que por ventura aconteça. BANDEIRINHA é substantivo comum, masculino ou feminino, pois já há mulheres nessa função de auxílio aos árbitros. O diminutivo é afetivo. BANDEIRA e BANDEIRINHA são casos de metonímia. Atualmente, muitos locutores e comentaristas esportivos, principalmente os que trabalham nas emissoras de televisão, empregam a expressão auxiliar da arbitragem, uma forma de falar, que mostra como a linguagem do futebol está se sofisticando, infelizmente. Existe, também o termo BANDEIRINHA (só subst. fem.) com valor denotativo, sem nenhuma metáfora ou linguagem figurada. Trata-se de uma pequena bandeira, mesmo. Pura denotação. É a bandeirinha pregada na parte superior das estacas, fincadas no chão, nos ângulos retos da figura geométrica retangular, que delineia o campo, onde se pratica o jogo futebol.




3- BARBANTE - Nome que se dá às redes que envolvem as balizas. Como as redes são feitas de corda de náilon, espécie de fibra têxtil sintética e parecem com barbante, que é feito com algodão, fica registrada a metonímia: a matéria pelo objeto. Ouve-se: “Foi no barbante”. Usa-se, também, com o mesmo sentido, o termo “filó”.



4 - BICO - No futebol é usado em expressões como: “Deu de bico”, “Bicão pra cima” etc. Caso de sinédoque: parte pelo todo. BICO refere-se à parte frontal da chuteira, o calçado especial para a prática do futebol. BICÃO: BICO + suf. ão. No basquete, as expressões “Deu bico” e “No bico” significam que a bola lançada em direção à cesta bateu no aro e voltou para ser disputada. Neste caso não ocorre metonímia. Então, gostaram?Indiquem nosso SITE e nosso BLOGGER para quem gosta de futebol.




Você aqui encontra coisas do Sul, da Bola e das Letras


Postado por Professor Feijó às 2:39 PM 0 comentários
28 de Fevereiro de 2007



No início do ano letivo, apresentamos sempre uma série de fenômenos gramaticais que já devem ter sido esquecidos por muita gente que estudou até o último ano do segundo grau. Mas é bom recordar, principalmente quando relacionamos esses fatos gramaticais com um esporte de massas como é o caso do futebol. É isso mesmo: futebol também é cultura!
Hoje veremos o tal de EUFEMISMO. Vocês sabem o que é isso? Estão esquecidos?
Vejamos, então. EUFEMISMO é a suavização de uma idéia ou de um acontecimento, ou de um fato, que poderá chocar por seu realismo. É, portanto, uma enunciação atenuada de idéia ou coisa tida como desagradável, grosseira ou indecorosa em determinado meio social. O termo ou a expressão é substituído por outros de sentido mais impreciso ou aproximado. Por exemplo. Em vez de dizermos "ele morreu" para darmos a notícia do falecimento de alguém, dizemos que ele en
tregou a alma ao criador...Agora, muito interessantes são os comentários esportivos, em Portugal, principalmente na imprensa, nos jornais especializados em futebol. Alguns jornalistas, tentando eufemizar algumas situações, isto é, tentando criar um EUFEMISMO, utilizam expressões muito estranhas e até engraçadas, com muito giro, como falam nossos irmãos de além-mar. O que vamos apresentar agora, leva-nos a admitir que foi pior a emenda do que o soneto. Vejam, lá: "Ele levou com uma bola naquele local que se usa para fazer bebés, mas está tudo correndo bem " (Jornal Record, 27/09/95, p.11).
No Brasil, chama-se SOPRADOR DE APITO, o péssimo árbitro de futebol, como fazia Mário Vianna, antigo comentador de arbitragens nas rádios e ex-árbitro da Federação Carioca de Futebol, do Rio de Janeiro. Mas isso foi há muito tempo...




Ficamos por aqui. Gostaram?




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TERMOS DO FUTEBOL EM PORTUGAL

14 de Março de 2007


Em 1998 publiquei pela Sociedade Brasileira de Língua e Literatura, Rio de Janeiro, BRASIL X PORTUGAL, UM DERBY LINGÜÍSTICO.

Toda a pesquisa foi feita em terras lusitanas, quando fui para lá, oficialmente credenciado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde lecionava, cumprindo os rituais de um semestre sabático. Retornando ao Brasil dei formato de livro à pesquisa de campo. Assim, vou apresentar, agora, nesse espaço cultural alguns comentários sobre a linguagem do futebol português, observada nos estádios, junto ao povo; nos jornais; nas revistas especializadas; nas rádios e nos canais de televisão.

Se você estiver interessado em adquiri-lo, entre em contato pelo endereço eletrônico lcfeijo@uol.com.br.

À ALTURA DOS PERGAMINHOS


Henrique Botequilha, jornalista do jornal O Semanário, de Lisboa, diz que essa expressão é usada "quando uma equipa de grande reputação joga bem" . Assim, o futebol é visto como arte nobre. Trata-se de uma visão elitizante do jogo. A expressão "à altura dos pergaminhos" é de conotação erudita, e está associada à respeitabilidade, à dignidade, à nobreza, à história. Diz-se assim, quando se quer fazer um comentário a uma equipe de grande reputação, que obteve ou deveria obter bom resultado e não se poderia dela esperar outra coisa que não fosse a de jogar um futebol de primeira qualidade. Mas nem todos os ouvintes ou leitores entendem o significado dessa expressão, principalmente se não forem aficionados do futebol. Pudemos comprovar isso, em Portugal, ao realizarmos pequena enquete com algumas pessoas, todas de nível superior, mas sem ligação nenhuma com o futebol. Pedimos que nos dessem os significados de alguns termos ou expressões tiradas dos jornais especializados ou ouvidas em transmissões de rádio, como foi o caso de "à altura dos pergaminhos". Ninguém soube os sentidos dos termos ou expressões. Podemos concluir que estamos diante de uma expressão não entendida por todas as pessoas do mesmo grupo social, caracterizando-se diferentes repertórios lingüísticos dentro do grupo, o que vale dizer, caracterizando o diastraticismo, pois formas diastráticas são diferentes falares num único ambiente sócio-cultural.

BOLA É REDONDA


Na gíria do futebol brasileiro existe a expressão "jogar uma bola redonda", que significa jogar muito bem. Em Portugal a expressão a bola é redonda é usada para uma advertência, na véspera do jogo. As frases ou os ditos populares mostram que a advertência fica sempre bem marcada com breves definições ou afirmações óbvias, como: "O mundo gira"; "Todos os rios correm pro mar"; "Quem planta vento, colhe tempestade" e muitas outras. A bola é redonda tem o significado de advertir, dizendo-se que tudo pode acontecer, pois a bola é redonda... e rola igualmente para os dois times que se confrontam. A bola pode rolar para um lado ou para o outro. Qualquer um dos times pode vencer. "A bola é redonda, sabes?" Corresponde, no Brasil, a: "o vento que venta lá, venta cá" ou ainda, "o risco que corre o pau, corre o machado" , outras, entre várias frases feitas, portadoras do sema advertência.

ACROBÁTICO


"Gesto de um jogador particularmente vistoso; esgalhado com acrobacia", como define Henrique Botequilha. Vistoso deverá ser o gesto e não o jogador. Se for o contrário estaremos diante de uma hipálage. Um jogador vistoso pode não ser acrobático. Assim, pode-se ver no termo acrobático, adjetivo relacionado a gesto, um vocábulo relacionado ao sema CIRCO, onde existem espetáculos tão maravilhosos como os do futebol.

ACUTILÂNCIA


Neologismo formal. Não está dicionarizado. É termo empregado nos comentário das partidas de futebol, em Portugal, por locutores e comentaristas de rádio, televisão e jornais especializados. "Um momento do jogo em que uma equipa está mais forte do que a outra". "Determinação; mais perigo; mais agressividade; a equipa está com mais ênfase em algum setor", segundo Henrique Botequilha, ACUTILÂNCIA refere-se à agressão com o cutelo. Pode ser que esteja aí o sentido deste neologismo, pois ACUTILAR é dar cutiladas em; é golpear. Por sua vez, ACUTILAR é corruptela de ACUTELAR, de cutelo. Se uma equipe está mais agressiva do que a outra, a mais agressiva ataca com muita veemência e fica mais forte do que a outra. Mais um termo do campo semântico da violência.

ADEPTOS


São os torcedores. Adepto, do latim adeptu, aquele que é iniciado nos dogmas da ciência. Quem, após uma iniciação, passa a ser partidário de uma religião. No futebol, a idéia é a mesma, mas não precisa iniciação...

ADJUNTO


É o auxiliar técnico. O futebol foi buscar, talvez, na linguagem acadêmica este termo. Auxiliar, Adjunto, Titular são termos empregados no âmbito do magistério superior.

ALA DIREITA


Expressão política, aproveitada na linguagem relacionada aos comentários de partidas de futebol, em Portugal, pela crítica esportiva, encontrada nos periódicos especializados. Quanto a este procedimento, é oportuno citar parte do artigo Os tempos negros da censura, de Carlos Miranda: "O Baptista Bastos admite que nós, os desportivos, também resistimos um bocado, com o uso de metáforas, que normalíssimas no sector desportivo, ganhavam outro aspecto, quando interpretadas num segundo sentido. E citou exemplos: ‘Como a palavra vermelho estava (e está, queira ou não) associada à Esquerda, muitos de nós (mas nem todos, repito) usávamo-la, habitualmente nos títulos dos relatos de futebol onde participava o Benfica. Assim por exemplo: ‘Os vermelhos esmagam a inércia de..., ou ‘Vermelha é a cor da vitória’ ou ainda: ‘Força, vermelhos!’, com ponto de exclamação e tudo". Outro caso: ‘O dia do Operário’. A censura não leu e não gostou. Tratava-se do Operário Futebol Clube. (A Bola, 22/09/85, p.36).

ALTO-RISCO


"Um Benfica-Porto é um jogo de alto-risco; desafio de grande tensão, possível de bofetadas", nas palavras de H.B. Um jogo de alto-risco é aquele em que pode haver confronto entre as torcidas, dentro dos estádios, resultando sérias conseqüências pelas atitudes agressivas e beligerantes dos espectadores. Está ligado à violência fora e dentro do gramado onde o jogo de futebol se desenrola. Esta expressão está presente também fora da linguagem dos esportes, como pode-se observar nos comentários jornalísticos que focalizam temas como a síndrome do HIV, por exemplo. Em Portugal não se usa o termo AIDS. Lá o termo usado é SIDA, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Parece que a trajetória da expressão ALTO-RISCO foi de fora para dentro da linguagem dos esportes de massa, que a acolheu. Um caso de migração da língua comum para a linguagem do futebol.

ÂNGULO


"Figura formada por dois semiplanos com as mesmas origens, possíveis de serem encontrados nas balizas" (HB). Este termo também é muito usado pelos locutores e comentaristas de futebol no Brasil. "Foi no ângulo", "bem no ângulo", "a bola entrou bem no ângulo" são expressões muito ouvidas. Trata-se de um raro momento lingüístico em que a denotação predomina na linguagem especial do futebol. Contudo, não se pode deixar de ver neste termo um certo saber matemático, escamoteado nas frases acima apresentadas. Observe-se que a forma popular, no Brasil, onde a coruja dorme é muito usada.

APANHA-BOLAS


Substantivo masculino. Mais um termo formado por analitismo. Corresponde ao termo gandula aqui no Brasil. Mais um caso de formação analítica (forma composta de duas ou mais palavras) de termos ligados ao futebol, em Portugal. No Brasil, muitos termos estrangeiros do futebol surgem por sintetismo, quando se adaptam à fonética da língua portuguesa. É o caso de córner = escanteio, em Portugal, pontapé-de-canto; kick-off = saída, em Portugal, pontapé-de-saída; shoot = chute, em Portugal, pontapé-na-bola ou, também, chuto; off-side = impedimento, em Portugal, fora-de-jogo; goal-keeper = goleiro, em Portugal, guarda-meta, guarda-redes; penalty = pênalti, em Portugal, grande-penalidade ou, também, penálti.

ATIRA-SE PARA A PISCINA

Expressão da gíria do futebol português. Diz-se quando o jogador atacante, dentro da área do adversário, lança-se ao chão para simular a falta máxima (o pênalti), como se estivesse a mergulhar na piscina, mesmo sendo barrado legalmente. Metáfora plástica. "...vai passar; atira-se para a piscina..." (RTP, Canal 1, jogo FC Porto 0 X 1 Panathinaikos, 1995).

BALNEÁRIO

É o vestuário. "...tiro-o e ponho-o conforme a disposição, mas, nos jogos, fica no balneário..." (Entrevista de Dominguez, jogador do Sporting e da Seleção Portuguesa, dada a Magalhães dos Santos, em A Bola, 23/09/95, p. 37). José Dominguez é chamado pela crônica esportiva de "Speed" Dominguez, pela sua velocidade em campo. Tanto em Portugal, como no Brasil, esta prática é comum. No Brasil, o jogador do Fluminense (1995) Waldeir era chamado de "The flash", pelo mesmo motivo.

BANCADA


Substantivo feminino. De Banco + ada. É a arquibancada de um estádio de futebol. Bancada e arquibancada significam a mesma coisa, tanto no Brasil como em Portugal. Lá, o uso esportivo escolheu bancada, aqui, escolheu arquibancada, o que não quer dizer que não se possa usar bancada. Rubens Braga, na cônica "A

EQUIPE", de 1952, diz: "Nós todos envergando essas cores sagradas; e no coração, dentro do peito, cada um tinha uma namorada na bancada". Em Portugal também se ouve na voz de muitos locutores de rádio e televisão o termo arquibancada, mas o mais comum é bancada. "...até porque o nervosismo entrou no relvado através das bancadas, onde os adeptos vimaranenses foram mostrando o seu desagrado" (A Bola, 29/10/95, p.14). Vimaranense é adjetivo de dois gêneros. Significa de, ou pertencente, ou relativo, ou natural, ou habitante de Guimarães, cidade do norte de Portugal.

Gostaram? Vamos continuar apresentando os termos do futebol português, comentados sob vários aspectos, mas, basicamente, o lingüístico.



Postado por Professor Feijó às 3:53 PM 0 comentários


A COZINHA DO FUTEBOL


6 de Maio de 2007

Do latim COCINA. Compartimento da casa onde se preparam os alimentos para as refeições. Na gíria do futebol é a grande área. Criação de Sílvio Luiz, jornalista, narrador e comentarista esportivo, da Rede Bandeirantes de Televisão, S.P. Neologismo conceitual,pois o que muda é o conceito, isto é, a palavra não sofre nenhuma modificação e só muda o significado. Ex. "Lançou pra cozinha" = lançou a bola para a grande área. É interessante assinalar a grande incidência de termos pertencentes ao universo semântico da culinária, ligados à visão de quem descreve as jogadas de futebol. Assim: AZEITAR (sinônimo popular de "lubrificar"), AZEITE (sinônimo popular de lubrificante) são outras criações do jornalista Sílvio Luís. Ex. "Azeitou a bola" ; "Azeitou a pelota" : "Meteu o azeite na bola". COME-E-DORME : "não joga nada: é um come-e-dorme". COZINHAR: "Está cozinhando o jogo". FOME: "Está com fome de bola". FOMINHA (aquele que quer jogar sozinho). "Ele é um fominha". FRANGO: "Comeu um frango " ; "Comeu um frango à molho pardo". SANDUÍCHE: "Fizeram um sanduíche nele (ou dele)". TEMPERAR: "Temperou a jogada". TEMPERO: "Passou tempero na bola". COMER: "Comeu a bola": "Ele come a bola" (= exímio jogador, craque).
Postado por Professor Feijó às 7:34 PM 0 comentários
20 de Maio de 2007

O GOL MIL DE ROMÁRIO

Valeu, Romário!
Esses mil gols que você marcou em toda a sua história de vida como jogador de futebol representam o seu esforço, denodo e perseverança nesse esporte espetacular que esfacela corações, despertando as mais incríveis paixões na alma humana.Referencialmente, isto é, sem metáfora alguma, o cardinal mil indica o número ou quantidade dos elementos constituintes de um conjunto. É interessante destacar que se diferencia do ordinal, porque o ordinal introduz ordem e dá idéia de hierarquia, etc, etc. Mas MIL é mesmo um número especial, meio mágico, pois a sua representação simbólica, em algarismos arábicos, junta o primeiro número da série infinita da contagem matemática, com os zeros, formas redondinhas, que, isoladas, nada significam.MIL representa a própria superação do homem em feitos de qualquer tipo de esporte, de lutas, de qualquer coisa. É um numero hiperbólico por natureza. Querem ver? É só se lembrar da magnífica marchinha de carnaval, de Zé Kéti:
“Tanto riso, oh quanta alegria, Mais de mil palhaços no salão, Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, No meio da multidão....”
É de mais!Esse número MIL traz à nossa mente muita coisa desmesurada. Vamos recordar: As mil (e uma) noites, dos contos lidos na infância;As mil milhas disputadas em corridas de automóvel, com empolgantes narrações radiofônicas;Os mil olhos do Dr. Mabuse, de Fritz Lang, o mais perverso dos grandes cineastas;Nomes de lojas comerciais que vendem qualquer coisa – Mil e Um tem de tudo! - Êta lojinhas de conveniências, legais!;Doces amanteigados deliciosos - pura guloseima de sabor inigualável - conhecidos popularmente como Mil Folhas - o suplício dos gordinhos.;A gostosa gíria da gorotada, dizendo que o “cara estava a mil” ;A marca de um popular veículo, que já foi o objeto do desejo de grande parte da população brasileira de baixa renda, o VW - Gol mil;Para sermos um pouco mais prolixos, podemos dizer que o fabuloso milhar estava presente também na Idade Média, como, por exemplo, na obra de Ramon Liull (1232-1326), "A paremiologia medieval: o Livro dos Mil Provérbios”. E como sabemos, o provérbio certifica a verdade, marca o amor do homem e honra a Deus.Assim, deixemos-nos envolver pela magicidade desse milhar, reverenciando a conquista formidável do GOL MIL DE ROMÁRIO, feito hoje(20 de maio de 2007), em São Januário, jogando contra o Sport Clube do Recife. E como falamos de provérbios, frases da sabedoria popular que certificam, de modo breve, a verdade de muitas coisas, deixemos, também, aqui registrados dois deles, que surgiram há muito tempo – lá na Idade Média – e que atravessaram os séculos, mas dizem, de diversas maneiras, as formas pelas quais o homem constrói a sua história pessoal. Podemos dizer que os provérbios que escolhemos possuem as virtudes desse impressionante jogador de futebol, o nosso Romário, sempre PACIENTE, ESPERANÇOSO e VENCEDOR.Romário foi isso, a vida inteira. Portanto, poderia, perfeitamente, ser o arauto dessas duas máximas:
AMA A PACIÊNCIA PARA QUE A POSSAS SUSTENTAR E, ENTÃO, O HOMEM PACIENTE NÃO SERÁ VENCIDO.QUEM TEM O PODER DA ESPERANÇA NÃO É VENCIDO.
Parabéns, Romário. O futebol brasileiro e mundial agradecem.


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17 de Maio de 2007





Depois que o Fluminense deu uma chinelada no Brasiliense, no Maracanã, preparando a sua classificação para a final da Copa Brasil desse ano de 2007, ontem à noite, o veterano atacante Dimba, no final do jogo, reclamou muito da arbitragem. Penso que sem nenhuma razão, mas disse, isso sim, uma grande besteira.O repórter foi ouvi-lo e todos nós ficamos espantadíssimos. Disse o atacante do Brasiliense aos microfones, lá no gramado:- "A arbitragem foi um caso de polícia Federal e FMI".Que é isso, Dimba? Polícia Federal no lance? Talvez porque seu time seja de Brasília ou porque você tenha misturado coisas muito comuns lá pela capital da República, como POLÍCIA FEDERAL, JUIZ, BRASÍLIA, CONFUSÃO, ROUBALHEIRA.
Mas, convenhamos, Dimba, você quis mesmo é dizer FBI, não foi? Assim poderia fazer algum sentido, pois o FBI está ligado semanticamente a POLÍCIA, CRIME, ROUBALHEIRA, etc.
Com essa pérola, Dimba entrou para o ANEDOTÁRIO DO BESTEIROL FUTEBOLÊS e vai ficar ao lado de outros craques, que também falaram muita besteirinha engraçada, como Jardel do Grêmio e do Porto, Prazeres do Bahia, João Pinto do Porto, Manga do Botafogo e o famoso Dadá Maravilha.*
Essa foi demais! Até a próxima.
*Curiosidades e muitas outras coisas sobre a BOLA é o que não falta na 2ª Ed. do nosso livro BALANÇANDO O VÉU DA NOIVA, revisto e aumentado, cujo lançamento está marcado para breve.
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27 de Maio de 2007

PARABÉNS AOS RESERVAS DO FLU

Parabéns aos garotos e reservas do Flu que mostraram garra e disposição contra o Internacional de porto Alegre, campeão mundial de Clubes da temporada passada. Três a zero, que maravilha! É isso, minha gente. Foi um preparativo para o inmício da decisão da Taça Brasil, quarta-feira, contra o Figueirense. Vamos tentar jogar como os garotos reservas. Passar de primeira, sem firulas, nem bancar o fominha, olhando para o companheiro desmarcado e passando abola, numa boa. Assim, vocês chegam lá! É claro que Renato Gaúcho deve ter falado isso ao grupo e muito mais. Agora é afastar toda inhaca e mandar ver. A Taça Brasil será ganha com o placar construído no Maracanã, não tenham dúvidas! Vamos meter uns três ou quatro e nada de levar gol em casa. Assim, em Floripa, será só administrar o jogo e o frio, que, diga-se de passagem, por lá anda danado de bravo...
Bola pra frente, Flusão!
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1 de Junho de 2007

BRASIL 1 X 1 INGLATERRA

BRASIL 1 x 1 INGLATERRA
Na reinauguração do magnífico estádio inglês de Wembley, em Londres, a Seleção de Futebol da Inglaterra empatou, em um a um, com a Seleção Brasileira. Mas foi um joguinho horroroso. Mas não é sobre o jogo, em si, que eu vou falar. Falarei dessa coisa desastrosa que estão fazendo com um dos últimos ícones do imaginário popular brasileiro. A nossa Seleção de Futebol Profissional. Isso é uma vergonha, como diria o jornalista Boris Casoy! Não há mais, nela, nenhum jogador (bom e) conhecido de nós todos. Os brasileiros que esquecem tudo, não sabem seque os nomes dos nossos goleiros. Acho que o de hoje, nesse jogo caça-níquel, contra a Inglaterra, foi um tal de Helton. É isso. Helton. E Daniel Alves, quem será? E os outros, como Naldo, Afonso etc, Quem são? Ora, tenham a santa paciência! Se você é bom de memória, me diga em quem você votou para vereador de sua cidade, na última eleição? E em que ano foi essa eleição? O torcedor brasileiro que é despreparado para as coisas de “decoreba”, lá vai saber os nomes desses caras que vão para o exterior e se enchem de grana e depois se europeízam. Europeizar, hoje, tem o mesmo sentido de romanizar, quando os bárbaros eram atraídos para a fulgurante cultura de Roma, da Itália dos Césares... Esses jogadores que foram embora, não querem nem mais saber de nossas balas-perdidas; de nossos seqüestros-relâmbagos; de nossa corrupção desbragada; de nossas roubalheiras de todo jeito; de nossa desorganização futebolística; de tudo que degrada a nossa querida-pátria-amada-idolatrada-salve-salve-viva-o-Brasil-sim-senhor! A Seleção Brasileira de Futebol era uma das coisas que o nosso povo nunca deveria ter esquecido, porque sempre representou um ideal de sucesso, um exemplo de coisa que dava certo (pelo menos somos ou somos penta?), de coisa que funcionava bem, mesmo nas vicissitudes e nos desesperos, mas sempre representando a alma sofrida de nosso povo e seu padecer incruento. É verdade! Isso era antigamente, porque hoje, milhares morrem ensangüentados, violentamente, a toda hora, por aqui. Mais uma vergonha! A Seleção Brasileira de Futebol passou a representar uma “troupe” de “globe-trotters”, buscando fundos para a CBF! Jogadores pedem dispensa, por estarem cansados... É bom lembrar que nossos trabalhadores dão muito mais duro nas fábricas e nos canaviais, na sombra e ao sol; nas salas de aula, ao volante dos ônibus e caminhões, nos portos e nas portas dos outros, como vendedores ambulantes... e muito mais! Isso é que é canseira, minha gente! Mas, voltando ao futebol. Sempre pensei que esse jogo fosse baseado no conjunto, isto é, no perfeito entendimento entre os jogadores em campo. Agora não é mais? A Seleção faz uns joguinhos, sempre testando gente nova e depois vai para Teresópolis e fica por aí a nossa preparação. Jogador que vai para fora do país, não deveria ser mais convocado. A Seleção tem de estar nos nossos estádios o ano inteiro. Nos nosso campos das capitais e do interior. Nos Campeonatos Regionais, no Campeonato Brasileiro, na Copa Brasil e sua escalação deve estar, também, na boca de todos os torcedores, ricos ou pobres, pretos ou brancos, de sorrisos invejáveis ou de bocas carcomidas pelas cáries da subnutrição. A Seleção Brasileira, para dar espetáculos sazonais, poderia, isso sim, ser formada por jogadores conhecidos internacionalmente, por aqueles que estão lá no continente rico desse mundo desigual. Que negócio é esse? Vamos lá! Digam onde estão jogando e de onde vieram os “craques” do Sr. Dunga, empregado do Sr. Ricardo Teixeira, diretor do Gran Circus Maximus... Recite o nome da nossa atua Seleção. Eis a cola: Helton, Daniel Alves, Maicon, Naldo, Juan, Gilberto, Gilberto Silva, Mineiro, Edmílson, Kaká, Afonso, Ronaldinho, Robinho, Diego, Vágner Love. Bem, sei que não é fácil citar, de memória, toda essa plêiade. Mas sei também que, tirando as figurinhas carimbadas, o que resta são jogadores que, sem dúvida alguma, têm aqui similares à altura, como qualquer mercadoria, com prazo de validade para consumo.
Até a próxima.
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7 de Junho de 2007

CAMPEÃO DA TAÇA BRASIL 2007


É verdade, minha gente! O Fluminense é o Campeão da Taça Brasil de 2007. Se eu dissesse que já sabia, estaria caindo no ridículo, pois a turma de seca-pimenteira falaria mundos e fundos de minha profecia. Diria que estava imitando a manifestação mais comum vista nas arquibancadas desses campos de futebol pelo Brasil afora, escrita em pedaço de papelão, com letras de pura alegria... Diria que nunca mais seríamos capazes de desenterrar a caveira de burro lá dos gramados das laranjeiras... Diria que além da caveira muar, havia uma horrível carcaça de urubu fedorenta, atrás das balizas de Álvaro Chaves... Diria, enfim, que ainda não era a hora e a vez do Flu. Mas foram mais de 20 anos sem um título nacional. Isso era demais para o grande Fluminense, a Máquina de Francisco Horta, o Fluzão de Abel Braga, o nosso amantíssimo tricolor de muitos resultados raquíticos de um a zero, é verdade, mas lá nos tempos idos de antigamente, graças a Deus. Mas sina é sina e foi, justamente, com esse resultado que conquistamos a Taça Brasil desse ano. Os caras de Florianópolis diziam que iríamos amargar a maior goleada fora de casa, nesse ano. Falaram demais. E quem fala o que quer, ouve o que já havia sido dito pelo maior torcedor etéreo do Flu, Nelson Rodrigues, que lá nos campos nefelibatas, dos anjos e arcanjos, pulou tanto com a vitória de ontem, que quase despencou do paraíso, para se integrar ao pequeno grupo de torcedores quase congelados, que levaram para o estádio Orlando Escarpeli o grito de É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO!
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29 de Agosto de 2007

AS VOZES DO FUTEBOL
O futebol nos é apresentado por várias vozes. Desde as vozes que falam de suas regras, passando pelas vozes que mantêm a disciplina em campo, até as vozes ensandecidas dos fanáticos torcedores. As primeiras são estruturadas, destinadas à perpetuação do jogo, portanto se expressam através da língua culta, onde predomina o referencial lingüístico, numa sintaxe bem definida: uma verdadeira bula, como a que acompanha todos os remédios. Tal comparação não é gratuita, pois lá o leigo vai encontrar, muitas vezes, termos e expressões que estão muito distante de seu vocabulário ativo. Já os que não são do ramo, pouco entenderão. Esta voz disciplinadora que dita as regras do jogo funciona como um sistema fixo, praticamente imutável, a exemplo do que ocorre na língua, que tem sua norma, adotada por uma sociedade, que se serve desse código para a comunicação entre seus indivíduos. Trata-se de uma voz padrão, sem meios termos, sem metáforas, denotativa, portanto. E deve ser assim mesmo, pois essa voz vai descrever um regulamento, base de tudo que acontecerá no decorrer da aplicação desse regulamento nas partidas de todos os jogos oficiais ou não. Vai interpretar os acontecimentos ocorridos e levados a julgamento em instâncias superiores. Será o registro culto da fala do futebol. Assim como a língua, que tem seu registro culto ou popular, de acordo com sua aplicabilidade social, a voz do futebol que estabelece as regras básicas desse jogo, que fala sobre ele nos tribunais, que regulamenta tudo que o envolve, também poderá ser deturpada, estropiada, desrespeitada, falada de maneira bem diferente de como sua gramática quer que seja. Utiliza-se também de outros códigos (língua inglesa) para falar de sua estrutura máxima, enquanto jogo. Muitas vezes essa voz oficial do futebol, sua estrutura definidora do comportamento do jogo, é desrespeitada por seus “usuários”, que muitas vezes, esquecem de algumas de suas regras básicas, pois não as interiorizaram bem, ou não se adaptaram aos seus mecanismos de regência e colocação. Talvez tenham dificuldade em interpretar semanticamente seus significantes e criam, inconscientemente, mecanismos de adaptação. Esses intérpretes, usuários-falantes dessa voz do futebol são aqueles que mantêm a disciplina em campo. São as vozes dos árbitros dos jogos. Se essa voz do futebol, um verdadeiro idioma dentro de outro idioma, portanto uma metalinguagem, se essa voz, insistimos, fosse tão fácil de ser falada, ouvida e entendida não haveria necessidade de constantes justificativas e explicações para as interpretações dos que arbitram as partidas disputadas. Quando tentamos interpretar essa voz, o fazemos, interpretando o resultado da “falação”, isto é, o comportamento do árbitro, enquanto tradutor daquilo que o sistema disse como se “fala”, como tem de ser jogado o jogo, em última análise. Assim, a interpretação da voz do futebol, enquanto regra do jogo, traz à tona comentários lingüísticos da estruturação vocabular que constitui o código de sua especificação.
A voz do futebol que regulamenta o jogo será a voz emanada da FIFA (Federation International de Football Association)
Board é um substantivo inglês, que significa um conselho, associação. Assim, “International board” será “Conselho, associação Internacional”. As regras oficiais do futebol são estabelecidas por um Conselho, por uma associação: o “Board”. Este “Conselho” ou esta Associação agrupa a Associação Internacional de Futebol. Portanto, a “Board” se constitui e é formada pela "The International Football Association Board", pela "Football Association" (Inglaterra), pela "Scotish Football Association", pela "Football Association of Wales", pela "Irish Football Association" e pela "Federation International de Football Association" (FIFA).Cada uma terá direito de fazer-se representar por quatro delegados. Somente na sessão anual geral da Board, poderão ser aportadas modificações nas regras de jogo, desde que as modificações sejam aprovadas por uma maioria de três quartas partes das pessoas presentes e autorizadas a votar. Pelo visto o código é rígido, praticamente imutável ou apresentando mudanças muitos tênues em grandes e longos períodos de tempo. São 17 as regras do jogo. Isso significa que o sistema é fechado. Queremos dizer que com poucos elementos definidos, ordenados e combinados será possível alcançarmos uma gama de combinações enorme, responsáveis pela configuração do jogo. Com o que pode e não pode acontecer em campo, o jogo se arma e sua prática se desenvolve. Já o jogo jogado, dentro destas 17 regras pré-estabelecidas, se apresenta como um sistema aberto, de infinitas combinações, que vão atingir o objetivo da disputa e trarão para esta prática esportiva o conceito de espetáculo, nunca repetido, e sempre diferente. Caso ocorram transgressões às normas estabelecidas elas poderão ficar em experiência até serem completamente absorvidas, tornando-se pertinentes, isto é, significativas para o jogo. Em outras palavras, elas passaram a integrar o “corpus” do jogo e seu uso será logo aplicado. Exemplificamos com a forma de o jogador atrasar a bola para o goleiro de seu time, o que nem sempre aconteceu como hoje.

As vozes dos oráculos eletrônicos são as vozes dos mediadores, locutores e comentaristas de rádio e televisão
Todos os acontecimentos gerados pelo espetáculo esportivo vão ser mostrados ao público em seus mínimos detalhes, tanto pelas narrações radiofônicas, como pelas imagens das câmaras de televisão. Assim, os mass media, como o rádio e a televisão, vão atuar no campo social, como verdadeiros oráculos eletrônicos, mostrando ao ouvinte e ao telespectador, distanciados do palco dos acontecimentos onde as cenas esportivas se desenrolam, todos os lances do jogo. Estes ouvintes e telespectadores serão sempre participantes dependentes, isto é, participantes orientados por um mediador (locutor, comentarista ou repórter) que estará sempre diante dos fatos mais abrangentes e genéricos à sua frente. O distanciamento, que ocorre, impõe ao receptor dois planos que se combinam. Pelas dimensões da tela da televisão ou pela natureza oral do rádio, o receptor estará sempre num segundo plano (no primeiro plano estão os locutores e comentaristas), onde ele não domina o ambiente descrito, mas desfruta de conforto e segurança, vendo e ouvindo. No primeiro plano está a voz da narração dos acontecimentos em campo, que satisfaz plenamente o receptor, porque co
mpleta as deficiências do plano em que se encontra.É por esta combinação que os mediadores vão se transformar em significativos e poderosos senhores, detentores da verdade absoluta, desenrolada na arena dos acontecimentos esportivos. Então, a voz mediadora, tradutora de uma narrativa fantasiosa, hiperbólica, emotiva e, muitas vezes, poética, soa como um canto de sereia, enganadora, mas atraente, porque fala o que o receptor realmente gostaria de ouvir. Surge, assim, uma narrativa, portadora de significados lingüísticos expressivos, que o receptor ouve, guarda e reproduz a posteriori, reproduzindo-os no vocabulário ativo do seu grupo de equivalentes.Assim, é comum se observar nos estádios de futebol muitos torcedores assistindo às partidas com o radinho de pilhas junto ao ouvido. Eles não se satisfazem somente com o que estão vendo (retorno ao espaço primitivo da humanidade, segundo McLhuhan). A ansiedade de ouvir supera a obrigatoriedade de ver, como se a voz do outro (a voz do mediador, narrador), vinda do oráculo eletrônico, fosse a expressão da suprema verdade, deixando-o à mercê de um entendimento impossível de ser alcançado por sua própria capacidade reflexiva. Isto o torna um súdito dependente, por tudo que o rádio e a televisão empregam, para atingirem seus objetivos, tornando os receptores repetidores passivos e agentes multiplicadores do que ouvem do oráculo, supra-sumo de toda a verdade.As vozes populares, disseminadoras de um código lingüístico especial
Mas não é só pelo rádio que as partidas de futebol e demais atividades esportivas são transmitidas. A televisão também está presente nas transmissões de quase tudo. A televisão é um meio frio de comunicação de massa (25), fornecendo baixa quantidade de informação, pois, permite mais participação, porque propõe uma complementação informativa, além de incluir o receptor na própria mensagem como um reflexo das ocorrências de suas realidades e experiências cotidianas. Nestes casos específicos, o campo de jogo, mostrado por ela, visto pela minúscula tela (telinha) colorida é a própria realidade com todos os seus sinais arquivados no repertório do telespectador, como arquétipo daquilo que melhor e completamente existe, impossível de ser melhorado. Por estas características e muitas outras, as narrações das partidas de futebol, basquete, vôlei, tênis etc. são diferentes. A falação diminui de intensidade. É muito mais interpretativa do que narrativa. Diminui o ritmo da locução. A descrição dos lances não precisa ter continuidade, pois a imagem "fala" pelos hiatos ocorridos na transmissão, mesmo quando o esporte televisionado é disputado em grande velocidade. Nas corridas de cavalos, mostradas pela televisão, a rapidez impressa à fala dos locutores provém da tradicional linguagem radiofônica que, ainda, não se adaptou ao trabalho do novo veículo, provocando uma aceleração da informação, ao tentar passar para o telespectador a emoção do páreo acontecendo.Mas pelo poder mágico da imagem da televisão, que atrai o olhar para si e, principalmente, pelos recursos eletrônicos de seus efeitos especiais, este veículo cativa o receptor, tornando-o um entusiasmado repetidor do que vê e do que ouve, para se identificar com a maravilha, tornando-se, também, maravilhoso. Assim, o código utilizado na linguagem da televisão cai no domínio público. É rapidamente assimilado; sai de seu legítimo espaço, invade outras searas e frutifica prodigamente.

As vozes dos fanáticos torcedores
Quem são esses fanáticos torcedores? Em primeiro lugar, vamos dizer que todo e qualquer torcedor de futebol possui uma pré-disposição para se emocionar intensamente com o seu time em confrontos de nenhum, de baixo ou alto risco. Nesses confrontos, muitos torcedores se desesperam e perdem a compostura com a maior facilidade. Se ele possuir um repertório cultural mediano, isto é, se pertencer a uma classe social mais privilegiada, suas manifestações nos estádios serão de pouco impacto. Sua atuação como torcedor não será ofensiva àqueles que os acompanha (Mas, às vezes, há exceções). Em outras palavras, não apresentará um comportamento social desviante. Não extrapolará os limites aceitáveis da sociabilidade. Mas se o torcedor for um indivíduo de repertório pobre, com poucas informações culturais, de baixa escolaridade, pouca cidadania, aí, ele exteriorizará sua emoção de maneira muito primitiva. Expressar-se-á com um vocabulário chulo; seus gestos serão agressivos; sua fúria se transferirá, facilmente, para todos os seus pares e agredirá qualquer um. A torcida adversária reagirá e, então, caso não haja medidas repressivas para intimidar esses atos, a selvageria estará instalada e o tumulto se alastrará nas arquibancadas e em outras partes do estádio, podendo atingir, inclusive, o campo de jogo. Mas não é nosso propósito trilhar os caminhos da sociologia aplicada ao comportamento social esportivo. Aludimos a este componente, porque, da reação dos torcedores, no campo e fora dele, vão surgir expressões lingüísticas impregnadas de exteriorizações psíquicas e apelos contundentes, tornando a linguagem expressiva, podendo, então, surgir termos lingüísticos, os mais significativos, para serem incorporados, muitas vezes, ao vocabulário efêmero do futebol. Sem nenhuma discriminação contra os menos favorecidos ou excluídos, à margem da educação formal, podemos afirmar que as grandes torcidas de massa são, basicamente, formadas por esses elementos, que se unem e, assim, se sentem protegidos pela quantidade e anonimato (muitos usam toucas ninjas), dando-nos a sensação de crêem na impunidade, caso extrapolem seu comportamento, desrespeitando ordens, avisos e até a própria Lei. Isso pode ser observado, pela televisão, vendo as imagens dos conflitos entre torcidas adversárias, nos estádios de todo Brasil, e até mesmo as manifestações de discordância entre membros da mesma torcida de um clube, quando, em campo, o time não rende o que ela, a torcida, quer que ele renda. Não estamos sendo levados só por aparências, pois não vemos corações, só rostos e expressões faciais, mas quando algum repórter entrevista um desses exaltados e fanáticos torcedores, consubstancia-se, por suas palavras, uma linguagem típica de gíria: a gíria do futebol. Esse tipo de linguagem, uma língua falada, estropiada, sincopada, com sintaxe cambaleante, com semântica estrúxula, repleta de figuras de toda ordem, faz com que seja denunciado um típico segmento sócio-cultural, localizado bem ali, nas arquibancadas dos campos de futebol, metamorfoseado em turba anônima, sem rosto, mas compulsivamente debruçada sobre uma paixão exacerbada.
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28 de Setembro de 2007


O DRIBLE DA FOCA


Foi bem aplicada a penalidade ao jogador Coelho do Atlético Mineiro pela agressão ao jovem talentoso Kerlon do Cruzeiro. Merecia até pena maior. No futebol inventam-se muitas coisas. Tanto a administração geral (FIFA) como os jogadores. Por parte da FIFA houve algumas mudanças nas regras, como a de não se poder mais atrasar a bola com o pé para o goleiro, por exemplo. Por parte dos jogadores, a invenção da jogada de calcanhar, da trivela, do drible da vaca e, agora, do drible da foca. É assim mesmo que as coisas acontecem, mas qualquer tipo de agressão deve ser sempre punido com o maior rigor. Agora, vejam quem se irrita com essas invenções verdadeiramente espetaculares. São jogadores, quase sempre, de pouca ou nenhuma cultura, sem escolaridade, sem preparo social, de origem a mais humilde possível. Mas, o que é mais importante, sem nenhum caráter. É isso mesmo! O sujeito pode não ter quase nenhuma informação cultural, ser oriundo de famílias pobres, mas caráter é obrigação de qualquer um, principalmente desses jogadores que se dizem PROFISSIONAIS. É verdade que Jorginho, jogador com uma certa escolaridade, deu uma covarde cotovelada no americano, lá na Copa dos Estados Unidos, depois de já ter perdido irremediavelmente a jogada pela lateral esquerda, creio. É verdade! Mas, parece que a sua punição surtiu efeito, pois, penso que ele se emendou e nunca mais agrediu, dessa forma, nenhum outro jogador. Bem, vamos esperar para ver se os homens que dirigem nosso futebol e que têm força moral sobre os jogadores sejam mais esclarecidos e recomendem parcimônia, educação e esportividade a esses pobres coitados e despreparados jogadores. Mental e intelectualmente, esse tal de Coelho, não é só animal no nome, não! quando perde para a técnica e para a graça e beleza das jogadas do futebol, só sabe apelar para a ignorância, mãe de suas atitudes, as mais absurdas possíveis.
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