Ontem (15 de outubro de 2008), antes do jogo do Brasil contra a Colômbia, no Maracanã, ouvi, na emissora SportTV, da Globo, uma entrevista com Zagalo. O “velho lobo” estava emocionado. Chegou a ficar com os olhos marejados quando relembrou a Seleção Brasileira dos jogos da Copa do Mundo de 94. Emocionava-se em recordar a convivência com os jogadores daquela época, mesmo porque estava ao lado de Tafarel, que também teceu muitos elogios ao grande comandante do título, nos Estados Unidos. Mas o importante é que eu vi ali, naqueles minutos de entrevista, uma coisa que já sumiu, há muito tempo, de dentro do grupo de jogadores do Brasil, a emoção. São todos milionários, despreparados para vestir a camisa da história. Vestir uma camisa amarela, os jogadores do Brasiliense vestem, mas a nossa “canarinho” é outra coisa. Realmente, o que se poderia esperar desses jovens que vieram de um mundo ingrato, de uma vida onde se deparavam, a toda hora, com a morte nas ruas e vielas dos bairro paupérrimos onde moravam? Além do mais, sem nenhuma formação cívica, sem instrução, sem cultura. E, diga-se de passagem, para quê? Para que se preocupar com essas coisas, num país entregue à corrupção, às falcatruas, às poucas vergonhas de todos os tipos, na vida social, pública e privada. Esses jogadores milionários ganham mais do que os industriais que alavancam nosso progresso; ganham mais do que nossos Ministros do Supremo; ganham mais do que nossos cientistas de Manguinhos; ganham mais do que todos os professores titulares da UERJ, juntos; ganham mais do que todos os políticos honestos e desonestos, que trabalham a favor ou contra nosso país. Enfim, não têm mais o que alcançar ou em que pensar. Vejam o caso do Ronaldo, o Fenômeno. Pulverizou-se nas paixões fácies e no sub-mundo do prazer. E muitos jogadores de nível de Seleção Brasileira também se enveredaram pelo caminho do crime e das drogas. Eles não têm compromisso com o nosso porvir, porque não foram preparados para isso, pois ficaram estigmatizados pela selvageria do nosso sistema capitalista. Penso que o jogador de futebol, que sai do Brasil para atuar lá fora, não deveria mais ser chamado para a Seleção. Os que por aqui jogam iriam ter, pelo menos, uma motivaçãozinha para honrar a camisa canarinho. Sei que muitos comentaristas profissionais já se posicionaram contrários a essa idéia, dizendo que a Seleção deverá ser formada pelos melhores. É verdade. Isso, se eles fossem os melhores, tanto no futebol como na capacidade inteligente de interpretar o que significa esse esporte no imaginário coletivo de nosso desastrado país. Agora, o jogo de ontem foi uma vergonha! Sem raça, sem empenho! Robinho, por exemplo, pediu para sair e foi para o banco, lá ficando, parecendo disfarçar, com gelo na perna, uma contusão, talvez, muito grave... É verdade que foi duramente marcado, mas nada de desleal sofreu e nada de empolgação também demonstrou. Jogou mal. Aliás, para que Robinho precisava se esforçar, se o que ele sabe fazer, também, com maestria, não fez: o incrível malabarismo com a bola, como mostraram as câmaras do SporTV, antes da partida. Aquele famoso drible, pela ponta esquerda, na partida contra o Equador já caiu no esquecimento. A turba nas arquibancadas quer sempre mais e mais. O Maracanã repete o Coliseu. O que a galera quer mesmo é suor, valentia e circo.
ATÉ A PRÓXIMA
Nenhum comentário:
Postar um comentário