Educação se faz pelo exemplo. E isso ocorre dentro e fora da sala de aula. A dita educação sistemática ou intra-muros escolar ocorre dentro dos estabelecimentos de ensino, dentro das escolas, em todos os níveis. Educar é informar e formar. Educar é saber, também, intervir em atitudes não recomendáveis ao estabelecimento de uma proposta ou para a implantação de uma ideologia. Então, seria a educação uma forma de frustração? Sim! Acredito piamente que seja. E mais. Educar é uma forma violenta de repressão. Mas isso não é mal. Saber frustrar é necessário para se obter a felicidade, no final das contas. O indivíduo deverá ser tocado pelas práticas que vão mudar seu comportamento, a fim de ser integrado na sociedade. Essa sociedade que o envolve precisa dos indivíduos ajustados aos seus ideais, para compreendê-la e ter seus passos acertados em sua inexorável marcha para o sucesso. Com essas palavras percebemos que a educação sai constantemente da esfera da sistematização para a da não sistematização. Sai da sala de aula para a sala de jantar da residência de cada um e retorna para a escola, com as virtudes ou os vícios caseiros. E é nas casas de cada indivíduo que está ligada a mais fantástica máquina de reprodução de exemplos: a televisão. Assistematicamente a educação passa por ela. Quando os jogos de futebol são assistidos por milhares e milhares de pessoas, surgindo as imagens coloridas no écran luminoso da tevê, em todos os lares do mundo, tudo o que acontece lá no campo, por causa do jogo muito disputado, é assimilado pelos receptores daquela mensagem lúdica, mas significativamente forte e repleta de ensinamentos. Copiá-los faz parte do processo, que se fosse sistemático, seria ensino-aprendizagem. Quando um jogador, muito bem resolvido em sua vida profissional, ganhando um magnífico salário num clube rico e conhecido do grande público, ao marcar um gol, sai mordendo o escudo da camisa de tanto beijá-lo, pode parecer, à primeira vista, que essa atitude é puro ato de regozijo ou amor àquela entidade esportiva. Mas não é bem assim. Esse jogador já passou, talvez, por mais de dez clubes e sempre assim se comportou. Então, do que se trata? A nosso ver, estamos diante de pura encenação de marketing. De pura pantomima, com endereço certo à torcida e aos dirigentes do clube que o emprega, para nele ser visto, cada vez mais, como um dos melhores do elenco, capitalizando votos para se perpetuar entre os titulares, fora do banco dos reservas e, portanto, sempre presente nas páginas dos jornais e revistas, valorizando-se continuamente. Um dia, assistindo a uma pelada entre escolas municipais do primeiro grau, vi um menino beijar o escudo de sua camisa como gente grande, depois de um gol, igualzinho ao seu ídolo, dentro dos gramados, no Campeonato Nacional da Primeira Divisão. Fiquei imaginando que ali estava nascendo uma cópia cuspida e escarrada daqueles jogadores que fingem tão fingidamente que chegam a fingir.... É verdade! Quase citei Fernando Pessoa, sem haver no fato nenhuma poesia, mesmo porque o menino nem estava matriculado naquela escola. Entrou no lugar de seu irmão. E, da mesma forma, muitos outros se estremecem no chão como se estivessem paralíticos, após uma falta comum, só para chamar a atenção do juiz e excitar a torcida. Tudo imitação. Tudo convergindo para o engodo, para a mentira, para uma aprendizagem negativa, pelo exemplo dos mais velhos, dos mais experientes. Isso eu nunca ouvi ser discutido pelos profissionais dos programas especializados em esporte de massa na nossa televisão e nas nossas rádios.
ATÉ BREVE
ATÉ BREVE
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