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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

COMO O RÁDIO E A TELEVISÃO FALAM



Vocês estão lembrados como eram as transmissões dos jogos de futebol pelo rádio e pela televisão? Bem, era muito mais emocionante do que hoje em dia. Vejamos como esses dois veículos de comunicação de massa trabalham, ou melhor, como falam. Ouvir rádio é imaginar como os fatos estão acontecendo. Todas as informações nos atingem por um único canal: a audição. Temos que ficar atentos a tudo, para não perdermos os sinais chaves da emissão. Tudo que é transmitido pelo locutor, no caso o locutor esportivo, exige muita concentração por parte dos ouvintes, que vão recriando sucessivos panoramas acústicos, formando um conjunto imaginário de fatos, que se materializam em sua mente, o mais próximo possível da realidade retratada pelo emissor. O que o locutor apresenta excita o ouvinte e o mergulha num espaço acústico, à semelhança de uma peça teatral que é encenada num palco e que preenche nossos sentidos, não apenas com a visão dos acontecimentos, mas com a plenitude sinestésica de todos eles, uns recorrendo aos outros. Isso acontece nas transmissões radiofônicas, pelo distanciamento entre aquele que fala e aquele que ouve. Hoje, vivemos num espaço pluridimensional de mensagens múltiplas, instantâneas e infindáveis, veiculadas pelos meios eletrônicos de comunicação de massa. Neste ambiente, basicamente no da atuação das mensagens via rádio, de alta saturação, o homem exercita, a toda hora, a sua capacidade de abstrair, tentando separar pelo pensamento o que não está separado no objeto do pensamento. Por está hoje o rádio embutido na vida social moderna, não era vazia de conteúdo a chamada marcante da Rádio Globo, que insistia em anunciar enfaticamente que “o brasileiro não vive sem rádio”. Então, é só observarmos nos campos de futebol muitos torcedores assistindo às partidas com o radinho de pilhas junto ao ouvido, não se satisfazendo somente com o que estão vendo, mas querendo se certificar daquela realidade pela voz superior do oráculo eletrônico dos tempos modernos: o rádio. Assim, a produção radiofônica das transmissões de partidas de futebol torna o ouvinte um súdito dependente, pela mixagem dos sons, e, também, ao mesmo tempo, um repetidor passivo de seus comentários. Portanto, vejam como aumenta a responsabilidade dos profissionais que transmitem e comentam as partidas de futebol, pois se colocam como verdadeiros iluminados da verdade transitada em julgado.
Mas não só o rádio transmite e comenta as partidas de futebol. A televisão também, lá nos estádios, está presente. Ela é um meio frio de comunicação de massa, porque fornece baixa quantidade de informação, pois permite mais participação ao propor somente uma complementação informativa e inclui o receptor na própria mensagem, como um reflexo das ocorrências de suas realidades e experiências cotidianas. No caso das transmissões de jogos de futebol, a televisão mostra o campo de jogo numa telinha minúscula (em relação à realidade) e colorida, tudo já do conhecimento do espectador e a imagem é apresentada como arquétipo do que de melhor existe e impossível de ser melhorado. Por tudo isso e muito mais a falação diminui, diminuindo o ritmo da locução, pois a imagem fala por si só. Pelo poder mágico da televisão, cuja luz vem de dentro do próprio recinto iluminado, onde está o receptor (diferente da sala de projeção cinematográfica), ela atrai todos os olhares para si. Então, entram em cena os recursos eletrônicos e os efeitos sensacionais de engenharia computacional que cativam definitivamente o receptor, identificando-o com a maravilha, tornando-o, também, fantasticamente maravilhoso. Todos os fenômenos advindos dessa tecnologia vão produzir um receptor que multiplicará o que ouve e será o reprodutor dos termos, das expressões e dos conceitos que ouve. Mais uma vez, fica registrada a grande importância dos locutores e comentaristas dos jogos transmitidos pela televisão e o que eles falam repercute muito mais do que imaginam. Portanto, é preciso reformular a maneira de como hoje as emissoras de televisão transmitem seus jogos de futebol. O locutor deixa de se referir às jogadas para tecer comentários sobre estatísticas tolas, que não levam a nada e cansa o telespectador. Ao mesmo tempo o comentarista responsável pela parte técnica da partida não fala muito sobre o que ocorreu o o que está ocorrendo, preferindo divagar sobre outras coisas, num subjetivismo nada interessante. Então, as “fofocas” surgem aos borbotões, irritando aquele “maravilhoso” telespectador, atingido por tecnologias eletrônicas de ponta e por pequeninas bobagens sem pé nem cabeça. Por isso, sou um ferrenho crítico desses profissionais. Mas, também, suavizando o final desses comentários, digo, altaneiro, que eles são os melhores materiais didáticos que tenho para as minhas aulas.


ATÉ A PRÓXIMA.

Um comentário:

Danilo Julião disse...

Fala Prof.Feijó, tudobem?
O blog como sempre ótimo,não deixo de visitá-lo sempre que posso...agora até dá pra comprar o seu livro eu gostaria de saber quanto é...
Abraços!