PESQUISE NUMA BOA

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

COMO O RÁDIO E A TELEVISÃO FALAM



Vocês estão lembrados como eram as transmissões dos jogos de futebol pelo rádio e pela televisão? Bem, era muito mais emocionante do que hoje em dia. Vejamos como esses dois veículos de comunicação de massa trabalham, ou melhor, como falam. Ouvir rádio é imaginar como os fatos estão acontecendo. Todas as informações nos atingem por um único canal: a audição. Temos que ficar atentos a tudo, para não perdermos os sinais chaves da emissão. Tudo que é transmitido pelo locutor, no caso o locutor esportivo, exige muita concentração por parte dos ouvintes, que vão recriando sucessivos panoramas acústicos, formando um conjunto imaginário de fatos, que se materializam em sua mente, o mais próximo possível da realidade retratada pelo emissor. O que o locutor apresenta excita o ouvinte e o mergulha num espaço acústico, à semelhança de uma peça teatral que é encenada num palco e que preenche nossos sentidos, não apenas com a visão dos acontecimentos, mas com a plenitude sinestésica de todos eles, uns recorrendo aos outros. Isso acontece nas transmissões radiofônicas, pelo distanciamento entre aquele que fala e aquele que ouve. Hoje, vivemos num espaço pluridimensional de mensagens múltiplas, instantâneas e infindáveis, veiculadas pelos meios eletrônicos de comunicação de massa. Neste ambiente, basicamente no da atuação das mensagens via rádio, de alta saturação, o homem exercita, a toda hora, a sua capacidade de abstrair, tentando separar pelo pensamento o que não está separado no objeto do pensamento. Por está hoje o rádio embutido na vida social moderna, não era vazia de conteúdo a chamada marcante da Rádio Globo, que insistia em anunciar enfaticamente que “o brasileiro não vive sem rádio”. Então, é só observarmos nos campos de futebol muitos torcedores assistindo às partidas com o radinho de pilhas junto ao ouvido, não se satisfazendo somente com o que estão vendo, mas querendo se certificar daquela realidade pela voz superior do oráculo eletrônico dos tempos modernos: o rádio. Assim, a produção radiofônica das transmissões de partidas de futebol torna o ouvinte um súdito dependente, pela mixagem dos sons, e, também, ao mesmo tempo, um repetidor passivo de seus comentários. Portanto, vejam como aumenta a responsabilidade dos profissionais que transmitem e comentam as partidas de futebol, pois se colocam como verdadeiros iluminados da verdade transitada em julgado.
Mas não só o rádio transmite e comenta as partidas de futebol. A televisão também, lá nos estádios, está presente. Ela é um meio frio de comunicação de massa, porque fornece baixa quantidade de informação, pois permite mais participação ao propor somente uma complementação informativa e inclui o receptor na própria mensagem, como um reflexo das ocorrências de suas realidades e experiências cotidianas. No caso das transmissões de jogos de futebol, a televisão mostra o campo de jogo numa telinha minúscula (em relação à realidade) e colorida, tudo já do conhecimento do espectador e a imagem é apresentada como arquétipo do que de melhor existe e impossível de ser melhorado. Por tudo isso e muito mais a falação diminui, diminuindo o ritmo da locução, pois a imagem fala por si só. Pelo poder mágico da televisão, cuja luz vem de dentro do próprio recinto iluminado, onde está o receptor (diferente da sala de projeção cinematográfica), ela atrai todos os olhares para si. Então, entram em cena os recursos eletrônicos e os efeitos sensacionais de engenharia computacional que cativam definitivamente o receptor, identificando-o com a maravilha, tornando-o, também, fantasticamente maravilhoso. Todos os fenômenos advindos dessa tecnologia vão produzir um receptor que multiplicará o que ouve e será o reprodutor dos termos, das expressões e dos conceitos que ouve. Mais uma vez, fica registrada a grande importância dos locutores e comentaristas dos jogos transmitidos pela televisão e o que eles falam repercute muito mais do que imaginam. Portanto, é preciso reformular a maneira de como hoje as emissoras de televisão transmitem seus jogos de futebol. O locutor deixa de se referir às jogadas para tecer comentários sobre estatísticas tolas, que não levam a nada e cansa o telespectador. Ao mesmo tempo o comentarista responsável pela parte técnica da partida não fala muito sobre o que ocorreu o o que está ocorrendo, preferindo divagar sobre outras coisas, num subjetivismo nada interessante. Então, as “fofocas” surgem aos borbotões, irritando aquele “maravilhoso” telespectador, atingido por tecnologias eletrônicas de ponta e por pequeninas bobagens sem pé nem cabeça. Por isso, sou um ferrenho crítico desses profissionais. Mas, também, suavizando o final desses comentários, digo, altaneiro, que eles são os melhores materiais didáticos que tenho para as minhas aulas.


ATÉ A PRÓXIMA.

O BLEFE OU QUE SAUDADE DO JOÃO SALDANHA !


BLEFE é uma forma de enganar o adversário, em um jogo, dentro das regras desse mesmo jogo. O termo migrou dos jogos de carta para todo tipo de jogo, inclusive o futebol. Não se espante aquele que nunca pensou que as origens desse vocábulo estivessem ligadas à cultura lingüística inglesa, pois os ingleses foram os que mais enganaram o mundo na arte da guerra, da política e, principalmente, na forma de conduzir seus mais sofisticados jogos, a começar pelo pôquer. Mas voltando ao blefe nos esportes, principalmente nos coletivos. Observamos que no futebol, além daquele blefe espetacular, aplicado no Maracanã por Wasinhgton, no goleiro Marcos do Palmeiras, há, também, a tão discutida “paradinha” na cobrança do pênalti. Sabemos, perfeitamente, que qualquer forma de ilusão não é bem-vinda, mas que é espetacular, isso é! No vôlei, as falsas cortadas são blefes. O antigo saque “jornada nas estrelas” de Bernard era um blefe, também. No basquete, o drible com a bola passando por trás do corpo do jogador que avança e a menção em lançar a bola à cesta, retendo-a na mão, enganando o jogador adversário, que pula para cortar a sua trajetória, são blefes, da mesma forma. No tênis, esporte que não é coletivo, a jogada curta, com efeito, que leva a bolinha a ficar pertinho da rede, longe do adversário que ficou no fundo da quadra, é um blefe. Os blefes são jogadas espetaculares, por isso haverá sempre aqueles que com elas se admiram e os que as abominarão sempre, dependendo para quem estão torcendo, para quem aplicou o blefe ou para quem foi enganado. A vida é assim, meus caros amigos! Não adianta esses falantes profissionais das mesas-redondas do SporTV, da GloboSAT, se esgoelarem, dizendo as maiores bobagens em seus comentários sobre esse assunto. Dizem esses falantes sem imaginação que o blefe do Washington pode ter sido legal –(porque o competente Renato Marsiglia disse que o lance foi válido) – mas foi imoral e antiesportivo... Não confunda alhos com bugalhos, gente! Não se fazem mais comentaristas como antigamente! Que saudade do João Saldanha!

ATÈ A PRÒXIMA.

sábado, 25 de outubro de 2008

BOBAGENS, FANTASMAS E JOGÃO


O Gol do Carlinhos contra o Palmeiras não teve nada de irregular. Washington não botou a mão na bola, ele só fez um gesto com a mão, como se fosse tomar impulso para cabecear. Tanto é verdade que o goleiro Marcos, entrevistado no fim do jogo não disse nada sobre uma possível irregularidade na atitude do Coração Valente da camisa 9 do fluzão. Esses comentaristas profissionais que passam a vida toda tecendo comentários sobre jogos de futebol, principalmente os dos canais a cabo ou satélite da GloboSAT, como é o caso de Renato Marsiglia, quase todos torcedores de times paulistas ou flamenguistas doentes, é que trouxeram essa bobagem de gol ilícito. No Jornal Nacional, das 20h15min os redatores de esporte nada disseram de gol irregular, pelo contrário, disseram que Washington tentou cabecear e a bola enganou o goleiro Marcos. Vejam bem! No vôlei, quando o levantador passa a bola para ser cortada, muitos jogadores pulam junto à rede, como se fossem cortar, iludindo a defesa ou bloqueio adversário. Talvez isso tenha influenciado a regra do futebol, que nada fala sobre intensão de o jogador tentar colocar a mão na bola. Nesse jogão entre o Flu e o Palmeiras, num sábado ates do segundo turno das eleições municipais, Carlinhos lançou a bola na área do Palmeiras e Washington pulou na frente de Marcos sem fazer falta alguma. O gesto com a mão não foi em direção à bola, mesmo porque ele não seria idiota da objetividade, relembrando Nelson Rodrigues, para tocá-la, e, aí, sim, é que caracterizaria uma falta e o atacante desperdiçaria uma oportunidade cristalina de gol. O fato é que o gol aconteceu e abriu caminho para a grande vitória épica no maracanã por três a zero. Épica, sim, pois nunca, nesse campeonato, o Fabinho marcou tão estoicamente os jogadores do meio de campo do Palmeiras, levando ânimo ao ataque e sossego à defesa. Jogou um bolão, como todos os demais jogadores do tricolor carioca. De parabéns está o Fluminense e livre do fantasma da segundona, agora rebaixado a espírito de porco, primo da mula-sem-cabeça, que veio para "iluminar" esses comentários, sem pé nem cabeça, de alguns narradores de futebol da tevê, que desempenham um papel ridículo de dublê de narradores e péssimos comentaristas. São raríssimas as exceções. Fim. Fora, azar! Pé-de-pato-mangalô-três-vezes!


ATÉ A PRÓXIMA

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

SUOR, VALENTIA E CIRCO


Ontem (15 de outubro de 2008), antes do jogo do Brasil contra a Colômbia, no Maracanã, ouvi, na emissora SportTV, da Globo, uma entrevista com Zagalo. O “velho lobo” estava emocionado. Chegou a ficar com os olhos marejados quando relembrou a Seleção Brasileira dos jogos da Copa do Mundo de 94. Emocionava-se em recordar a convivência com os jogadores daquela época, mesmo porque estava ao lado de Tafarel, que também teceu muitos elogios ao grande comandante do título, nos Estados Unidos. Mas o importante é que eu vi ali, naqueles minutos de entrevista, uma coisa que já sumiu, há muito tempo, de dentro do grupo de jogadores do Brasil, a emoção. São todos milionários, despreparados para vestir a camisa da história. Vestir uma camisa amarela, os jogadores do Brasiliense vestem, mas a nossa “canarinho” é outra coisa. Realmente, o que se poderia esperar desses jovens que vieram de um mundo ingrato, de uma vida onde se deparavam, a toda hora, com a morte nas ruas e vielas dos bairro paupérrimos onde moravam? Além do mais, sem nenhuma formação cívica, sem instrução, sem cultura. E, diga-se de passagem, para quê? Para que se preocupar com essas coisas, num país entregue à corrupção, às falcatruas, às poucas vergonhas de todos os tipos, na vida social, pública e privada. Esses jogadores milionários ganham mais do que os industriais que alavancam nosso progresso; ganham mais do que nossos Ministros do Supremo; ganham mais do que nossos cientistas de Manguinhos; ganham mais do que todos os professores titulares da UERJ, juntos; ganham mais do que todos os políticos honestos e desonestos, que trabalham a favor ou contra nosso país. Enfim, não têm mais o que alcançar ou em que pensar. Vejam o caso do Ronaldo, o Fenômeno. Pulverizou-se nas paixões fácies e no sub-mundo do prazer. E muitos jogadores de nível de Seleção Brasileira também se enveredaram pelo caminho do crime e das drogas. Eles não têm compromisso com o nosso porvir, porque não foram preparados para isso, pois ficaram estigmatizados pela selvageria do nosso sistema capitalista. Penso que o jogador de futebol, que sai do Brasil para atuar lá fora, não deveria mais ser chamado para a Seleção. Os que por aqui jogam iriam ter, pelo menos, uma motivaçãozinha para honrar a camisa canarinho. Sei que muitos comentaristas profissionais já se posicionaram contrários a essa idéia, dizendo que a Seleção deverá ser formada pelos melhores. É verdade. Isso, se eles fossem os melhores, tanto no futebol como na capacidade inteligente de interpretar o que significa esse esporte no imaginário coletivo de nosso desastrado país. Agora, o jogo de ontem foi uma vergonha! Sem raça, sem empenho! Robinho, por exemplo, pediu para sair e foi para o banco, lá ficando, parecendo disfarçar, com gelo na perna, uma contusão, talvez, muito grave... É verdade que foi duramente marcado, mas nada de desleal sofreu e nada de empolgação também demonstrou. Jogou mal. Aliás, para que Robinho precisava se esforçar, se o que ele sabe fazer, também, com maestria, não fez: o incrível malabarismo com a bola, como mostraram as câmaras do SporTV, antes da partida. Aquele famoso drible, pela ponta esquerda, na partida contra o Equador já caiu no esquecimento. A turba nas arquibancadas quer sempre mais e mais. O Maracanã repete o Coliseu. O que a galera quer mesmo é suor, valentia e circo.

ATÉ A PRÓXIMA

terça-feira, 14 de outubro de 2008

FUTEBOL É JOGO PRA HOMEM



Há muito tempo, no campo do Madureira, na Rua Conselheiro Galvão, lá, mesmo, no movimentado subúrbio da Central, o Flamengo foi jogar contra o time da casa, o Madureira Esporte Clube. As arquibancadas estavam lotadas. O estádio recebia um público espetacular. Casa cheia! Como diria, hoje, o Garotinho, José Carlos Araújo. Eu tinha uns quinze ou dezesseis anos e fui assistir a esse jogo, não por ser flamenguista, pois sou tricolor de coração desde o meu nascimento à fórceps, já relutando para não sair de qualquer forma para o mundo, sem antes saber direitinho como seria esse negócio aqui, pelo lado de fora. Agora, pelo lado de dentro do estádio do Madureira, naquele dia de jogo importantíssimo pelo Campeonato Carioca, não tinha mais lugar para ninguém. Fui ao jogo com um colega de colégio, torcedor entusiasmadíssimo do rubro-negro da Gávea. O Nélson levou toda a família de sua namorada para o campo do Madureira. Os avós dela e mais um casal de tios postiços com quem vivia na mesma rua onde eu morava. Era uma família à moda antiga, cheia de rapapés e, ainda por cima, é bom lembrar que estávamos nos anos cinqüenta e a sociedade dessa época era muito recatada e contida, não se misturando com o povão, muito menos com a turba desbocada da famigerada torcida flamenguista. O jogo foi às três horas de uma tarde de domingo, quente como o inferno! Logo no início da partida, o Madureira partiu pra cima do Flamengo e levava um perigo danado ao gol de Garcia. O principal jogador ofensivo do tricolor suburbano era o ponta-direita Pedro Bala. O cara estava endiabrado. Corria muito. Era mesmo uma bala humana. Mas a torcida do Flamengo não perdoava a sua atuação de verdadeiro demolidor de uma das mais sólidas defesas do campeonato. Cada vez que ele passava pelas arquibancadas lotadas, voando com a bola bem perto da linha lateral do campo, a turba xingava e o palavreado agressivo comia solto! Era Pedro, filho disso, filho daquilo, um horror! A família de meu amigo metia a cabeça entre as pernas e corava de vergonha. Mas Pedro Bala tanto fez e aconteceu que, driblando um beque para dentro, mandou uma violenta bomba de pé esquerdo, tão forte que passou pelo goleiro Garcia e bateu lá dentro do gol, naquele cano torcido que segura as redes e voltou para dentro do campo, caindo na pequena área, bem no peito do zagueiro Pavão, que aparou a bola com o peito, deixou-a cair na coxa e deu um bicão pra frente, mandando-a para além do meio do campo. Pedro Bala e todos os atacantes do Madureira comemoravam o fantástico gol, mas o juiz não o considerou, mandando o jogo seguir e quase o Flamengo abriu a contagem, naquela confusão toda. Bem, o jogo foi paralisado com a entrada em campo da diretoria do Madureira e um tumulto generalizado tomou conta da partida, já interrompida pelo juiz. Pedro Bala discutindo com Pavão, depois de um empurra-empurra danado, passou-lhe a mão no traseiro, como fez Carlos Alberto do Botafogo, na semana passado, apalpando as regiões glúteas do zagueiro do Grêmio, lembram? Naquele momento, Pavão estourou sua mão aberta na cara de um pobre coitado que nada tinha com o caso e o tempo fechou mesmo em Conselheiro Galvão. A família de meu amigo, sua namorada, todos presenciaram aquela atitude indecente do jogador do Madureira e ficaram abobalhados. Todos riam, gritavam, xingavam, incitavam os jogadores, pediam sangue, queriam pegar o Pedro Bala para devorá-lo, esquartejá-lo, comê-lo cru, mastigando ossinho por ossinho. Uma indignação total misturada com farra, bagunça, batucada, cantorias e xingações. Antigamente era assim que se respondia a uma atitude como essa, alheia ao espírito esportivo. E hoje? Depois de um jogador "passar a mão" no outro ou apalpá-lo nas regiões baixas, sai distribuindo beijinhos na cara de todo mundo, como se nada de muito esquisito tivesse acontecido. Decididamente sou do tempo em que homem que é homem não tinha atitudes como essas, principalmente em campo de futebol. Uma vergonha!
ATÉ A PRÓXIMA.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

OS BEIJOQUEIROS




Educação se faz pelo exemplo. E isso ocorre dentro e fora da sala de aula. A dita educação sistemática ou intra-muros escolar ocorre dentro dos estabelecimentos de ensino, dentro das escolas, em todos os níveis. Educar é informar e formar. Educar é saber, também, intervir em atitudes não recomendáveis ao estabelecimento de uma proposta ou para a implantação de uma ideologia. Então, seria a educação uma forma de frustração? Sim! Acredito piamente que seja. E mais. Educar é uma forma violenta de repressão. Mas isso não é mal. Saber frustrar é necessário para se obter a felicidade, no final das contas. O indivíduo deverá ser tocado pelas práticas que vão mudar seu comportamento, a fim de ser integrado na sociedade. Essa sociedade que o envolve precisa dos indivíduos ajustados aos seus ideais, para compreendê-la e ter seus passos acertados em sua inexorável marcha para o sucesso. Com essas palavras percebemos que a educação sai constantemente da esfera da sistematização para a da não sistematização. Sai da sala de aula para a sala de jantar da residência de cada um e retorna para a escola, com as virtudes ou os vícios caseiros. E é nas casas de cada indivíduo que está ligada a mais fantástica máquina de reprodução de exemplos: a televisão. Assistematicamente a educação passa por ela. Quando os jogos de futebol são assistidos por milhares e milhares de pessoas, surgindo as imagens coloridas no écran luminoso da tevê, em todos os lares do mundo, tudo o que acontece lá no campo, por causa do jogo muito disputado, é assimilado pelos receptores daquela mensagem lúdica, mas significativamente forte e repleta de ensinamentos. Copiá-los faz parte do processo, que se fosse sistemático, seria ensino-aprendizagem. Quando um jogador, muito bem resolvido em sua vida profissional, ganhando um magnífico salário num clube rico e conhecido do grande público, ao marcar um gol, sai mordendo o escudo da camisa de tanto beijá-lo, pode parecer, à primeira vista, que essa atitude é puro ato de regozijo ou amor àquela entidade esportiva. Mas não é bem assim. Esse jogador já passou, talvez, por mais de dez clubes e sempre assim se comportou. Então, do que se trata? A nosso ver, estamos diante de pura encenação de marketing. De pura pantomima, com endereço certo à torcida e aos dirigentes do clube que o emprega, para nele ser visto, cada vez mais, como um dos melhores do elenco, capitalizando votos para se perpetuar entre os titulares, fora do banco dos reservas e, portanto, sempre presente nas páginas dos jornais e revistas, valorizando-se continuamente. Um dia, assistindo a uma pelada entre escolas municipais do primeiro grau, vi um menino beijar o escudo de sua camisa como gente grande, depois de um gol, igualzinho ao seu ídolo, dentro dos gramados, no Campeonato Nacional da Primeira Divisão. Fiquei imaginando que ali estava nascendo uma cópia cuspida e escarrada daqueles jogadores que fingem tão fingidamente que chegam a fingir.... É verdade! Quase citei Fernando Pessoa, sem haver no fato nenhuma poesia, mesmo porque o menino nem estava matriculado naquela escola. Entrou no lugar de seu irmão. E, da mesma forma, muitos outros se estremecem no chão como se estivessem paralíticos, após uma falta comum, só para chamar a atenção do juiz e excitar a torcida. Tudo imitação. Tudo convergindo para o engodo, para a mentira, para uma aprendizagem negativa, pelo exemplo dos mais velhos, dos mais experientes. Isso eu nunca ouvi ser discutido pelos profissionais dos programas especializados em esporte de massa na nossa televisão e nas nossas rádios.

ATÉ BREVE

ESTÃO DESAPARECENDO OS "COALHADAS"

No programa Arena Sportv, do dia 8 de outubro de 2008, do Canal 39 do SPORTV, da Rede Globo de Televisão, o assunto que iniciou o programa foi praticamente relacionado com o repertório e desempenho, em entrevistas, de jogadores de futebol e repórteres, de um modo geral. Argumentou-se que está ocorrendo, de ambos os lados, um aumento sensível no bom desempenho de todos os envolvidos nesse processo. O tema desse assunto foi colocado para discussão e apreciação dos convidados do apresentador do programa, o jornalista Cléber Machado que, diga-se a bem da verdade, sempre se coloca como um moderador de eficientíssima qualidade, tanto no aspecto cultural de uma maneira ampla, como no jornalístico. Mas gostaríamos, mesmo, de falar, aqui, em nosso BLOG, Letras Futebol Clube, sobre um fato importante que está acontecendo no mundo do futebol. Trata-se de uma aceleração significativa do comportamento dos jogadores de futebol diante dos microfones e câmaras de televisão. Como este comportamento melhorou! Como melhorou sua comunicação, através da linguagem oral, com os repórteres, no campo de jogo e nos estúdios de televisão! Observamos poucos equívocos gramaticais; poucos vícios de linguagem; poucos barbarismos lingüísticos, enfim, uma razoável assimilação de conteúdos, inerentes à comunicação oral. A Língua Portuguesa não se apresenta tão estropiada como nas entrevistas de antigamente, nem a sintaxe está sendo tão vilipendiada como nos tempos de antanho. O raciocínio lógico está sendo construído com clareza e as idéias se apresentam bem colocadas, fazendo com que as respostas dos entrevistados batam quase que rigorosamente com as perguntas feitas pelos entrevistadores. Mas, é sempre bom lembrar que os dois lados, algumas vezes, “pisam na bola”, como se diz na gíria ou linguagem especial do futebol. Porém, o indicador mais significativo, para comprovar tudo isso que foi dito, também, no início do programa de Cléber Machado, é que desapareceu das páginas de humor de nosso rádio, de nossa televisão e de nossas revistas a figura do mau jogador de futebol, como fazia o genial Chico Anísio, na década de 80, colocando na voz de sua inesquecível personagem, Coalhada, uma série infindável de asneiras, caracterizando o mau desempenho de uma função social: o jogador de futebol, desqualificado culturalmente para a profissão que o faria financeiramente independente. Coalhada era o jogador de futebol à mercê dos cartolas, despreparado para as funções, cheio de vícios e ávido de fama. Pertenceu a um discurso de sátira (humor como riso) que criticava os representantes da cultura comunitária. No caso, Coalhada inseria-se na segunda fase das sátiras de Chico Anísio, a que estava ligada à metrópole, representativa da República Nova. Eram sátiras caracterizadas pelas críticas às instituições sociais das grandes cidades, como também a personagem Azambuja, o malandro, o vigarista picaresco, uma crítica à situação econômica da época. Hoje, percebe-se que houve uma aceleração cultural das massas e não vemos mais essas figuras nos programas de humor como riso, em qualquer segmento da mídia. Contudo, temos a certeza de que isso acontece muito mais pela mediocridade das produções, por desconhecimento teórico do assunto, do que pela falta de matéria prima.

ATÉ BREVE

sábado, 4 de outubro de 2008

O FUTSAL






E o futsal, como está contribuindo para aumentar o vocabulário da língua especial do futebol? O Brasil sedia, nesse ano de 2008, o Campeonato Mundial de Futebol de Salão, esporte oficialmente reconhecido e disciplinado pela FIFA. Com a vitória por 7 a zero, hoje, dia que antecede as eleições municipais brasileiras, em Brasília a nossa Seleção de Futsal deu um chocolate na Rússia. Ouvimos esse termo ser empregado nos comentários do SporTV, canal a cabo da Globo. Muitos narradores e comentaristas, ao transmitirem essa modalidade esportiva tão parecida com o futebol tradicional utilizam termos e expressões consagrados nos gramados de todos os estádios, onde a bola rola, a grama cresce e as firulas acontecem.
Dizemos que o Futsal é parecido com o futebol de campo, mas poderíamos dizer também que suas táticas são de muitos outros esportes, como as do basquete, do futebol americano e do hockey de patins. Já vemos aí uma expansão de métodos e, quem sabe, de usos de termos e expressões dessas outras modalidades esportivas.
É só ficarmos de ouvidos ligados, pois a bolinha do futsal foi a responsável pelo aparecimento do famoso “elástico”, jogada quase mágica, tão bem executada pelos jogadores que fazem a diferença dentro da quadras ( 40m X 20m ), eternizada por Rivelino, em seus tempos áureos e, atualmente, o grande Falcão.
Vamos trazer para vocês tudo o que de novidade surgir durante esse Campeonato Mundial de Futsal, quando estaremos torcendo para que o Brasil seja campeão.
Até a próxima

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

SOU DO TEMPO DE UMA COPA DIFERENTE


Não agüento mais esse Fluminense! Não sei se falta sorte, competência, técnico, jogador, ou tudo isso junto. Contra o Goiás, no primeiro dia de outubro, time do interior, em ascensão, mas que sempre viveu na corda bamba da elite do futebol brasileiro, lá do fundo do sertão do Brasil, jogando no Maracanã contra o tricolor carioca, “time tantas vezes campeão”, esse meu tricolor, insisto em dizer, não se afirmou nem se afirma. Sempre leva um gol no início da partida e não consegue nem sustentar uma vantagem numérica, após criminosa entrada de um molambento jogador de nível medíocre no nosso Júnior César. O jogador dá uma entrada criminosa no seu adversário, é expulso e os jogadores se abraçam, se afagam... Jogadores dos dois lados... A torcida se estressa, aplaudindo a expulsão, aquela entrada criminosa, só porque ficou com um jogador a mais em campo. No meu tempo, quando um jogador agredia o seu adversário, havia imediatamente uma reação dos jogadores do time do agredido e muitas vezes o pau comia e a briga se generalizava. Errado? Não sei, não! Antigamente, quando havia uma entrada violenta, de um jogador no outro, mas sem expulsão ou repreensão, a torcida tomava as dores do agredido e quando o jogador faltoso pegava na bola era uma gritaria danada e a turba urrava das gerais e das arquibancadas com o grito de É ESSE! É ESSE! É ESSE! Hoje, não. Os jogadores envolvidos em criminosas agressões, logo se abraçam e dão beijinhos uns nos outros. Uma vergonha! São uns frouxos... Veja se isso acontecia nos clássicos entre argentinos e brasileiros, tanto no Gymnasia Y Esgrima de La Plata como no Pacaembu ou no Maracanã. Tinham razão os nossos hermanos: eles gritavam logo, logo: Maricon, maricon, maricon! Sou do tempo da Copa Roca ... e tá falado!

O Brasil conquistou a Copa Roca nos anos de 1914, 1922, 1945, 1957 (com Pelé e tudo), 1960, 1963, 1971 e 1976 (a última).
Na foto, o ataque do Santos que compôs a Seleção Brasileira, campeã da Copa Roca de 1963.
Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
Até a próxima.