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quinta-feira, 17 de julho de 2008

OS NOMES PRÓPRIOS NOS ESPORTES DE MASSA


É só repararmos os nomes de muitos conhecidos jogadores de futebol dos times que disputam o Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão, para chegarmos à conclusão de que esses substantivos próprios estão carregados de afetividade. É isso mesmo! São muitos, como Carlinhos, Marquinhos, Paulinho, Luizinho, Fabinho, Renatinho etc. Mas há Carlão, Luizão, Marcão, Paulão, Fabão e muitos mais. Dizemos que a maioria desses nomes próprios é constituída por formas recheada de afetividade, porque são todos atletas de estatura razoavelmente elevada, fazendo juz ao aumentativo ou, por antítese, jogadores não muito altos, que têm seu nome em aumentativo por inúmeros motivos, inclusive por afetividade. Parece ser o caso de Magrão (ex-Palmeiras), onde o peso e o físico marcaram mais do que a altura. A verdade é que sempre está surgindo uma forma conotativa para marcar a presença de cada um, em suas equipes. Isso, aliás, é muito comum na família brasileira, que tem essa mania de dar forma diminutiva ou aumentativa aos nomes dos meninos, no aconchego do lar. Depois esses nomes acompanham o jovem, o adolescente, o rapaz adulto em suas atividades profissionais. Por outro lado, muitos só recebem esse carinhoso nome, quando chegam aos novos ambientes de trabalho, mesmo não os ostentando ao se apresentarem aos clubes, onde vão tentar a vida, como atletas profissionais. É o caso dos jogadores de futebol. Mas só de futebol, porque isso não é comum acontecer com os jogadores de basquete ou vôlei, que recebem geralmente o sufixo aumentativo, relacionado diretamente à sua grande estatura.

Nesse caso, o aumentativo é denotativo. E o diminutivo também, como parece ser o caso de Serginho, líbero da atual Seleção Brasileira de vôlei. Ele é o menor do grupo. Mas há poucos nomes próprios com esses sufixos, como, por exemplo, os nomes dos rapazes da "geração de ouro" de vôlei, como Carlão e Paulão. Na "geração de Bernardinho", aparece Rodrigão, o meio-de-rede, com 2,05m. Aliás, no vôlei, onde a média de altura dos jogadores varia entre 1,90 a 2,0m não ocorre, a exagerada terminação ÃO, denotando tamanho, pelo contrário, aparecem alguns diminutivos também afetivos. O técnico Bernadinho, da "geração de prata", Marcelinho e Ricardinho, esse atualmente em desgraça, por comportamento estranho às orientações técnicas, são exemplos de diminutivos em atletas de grande altura. O elenco de nossa seleção de vôlei apresenta poucos nomes próprios com esses sufixos, quer aumentativo, quer diminutivo. Observem: "Geração de Prata" - Bebeto de Freitas (técnico), William (levantador), Bernard Rajzman, criador do saque Jornada nas Estrelas, Xandó, Renan, Badalhoca, Montanaro, Bernardinho ; "Geração de ouro" - José Roberto Guimarães (Técnico), Tande (Ponta), Marcelo Negrão (Oposto), Giovane (Ponta), Maurício (Levantador), Carlão (Meio), Paulão (Meio), Pampa (Ponta), Douglas (Meio), Amauri (Meio), Janelson (Ponta), Jorge Edson (Meio), Talmo (Levantador); "Geração Bernardinho" - Bernardinho (técnico), Anderson (oposto), André Heller (meio-de-rede), André Nascimento (oposto), Dante (ponta), Giba (ponta), Gustavo Endres (meio-de-rede), Marcelinho (levantador), Murilo Endres (ponta), Ricardinho (levantador), Rodrigão (meio-de-rede), Samuel (ponta), Serginho (líbero), Bruninho (levantador). Outros jogadores: Nalbert (campeão olímpico em 2004), Giovane (campeão olímpico em 2004), Maurício (campeão olímpico em 2004).

No basquete também não ocorre com muita freqüência essa sufixação, tanto afetiva como referencial e citamos, por exemplo, alguns atletas que tentam ir agora às Olimpíadas de Pequim, neste ano de 2008, comandados pelo técnico espanhol Moncho Monsalve. São eles, entre outros: Guilherme Giovannoni, Nenê, Anderson Varejão, Guilherme, Leandrinho, Duda Machado, Marcelo Machado. É importante dizer que o universo de jogadores de vôlei e basquete é infinitamente menor do que o dos jogadores de futebol, nesse Brasil de paixão exarcebada pelo “velho e violento esporte bretão”. Falamos dos aumentativos e diminutivos masculinos. E os femininos? É interessante o que ocorre, no futebol, no vôlei e no basquete.

Tomemos a Seleção Brasileira Feminina de Futebol, do Pan 2007. Suas jogadoras eram Andréia, Simone Jatobá, Aline Pelegrino (capitã), Tânia Maranhão e Michele; Renata Costa, Daniela Alves, Formiga e Maycon. Outras jogadoras: Cristiane e Kátia Cilene. Em nenhum desses substantivos próprios há sufixos, nem denotativos, nem conotativos, isto é, os nomes das jogadoras não têm a complementação conotativa-afetiva (-inha), nem a complementação denotativa-pejorativa, talvez, (-ona). E mais: Duda, Gabbi, irmã de Duda, Daniela Alves, Cristiane, Rosana, Aline, Kátia Cilene, Daniela Alves, Cristiane e Marta, a melhor do mundo, segundo a FIFA. Encontramos, ainda, a jogadora Pretinha, de 1,57m (Delma Gonçalves), com o sufixo –inha introduzindo, nitidamente, a noção de afetividade, por ser ela muito querida pelo grupo, além da noção denotativa, por sua pequena estatura. Isso é surpreendente, pois se esperava que o povo, ao acolher carinhosamente seus ídolos femininos, se manifestasse também com generosidade lingüística, chamando-as, com todo afeto, de Martinha, Dudinha, Danielinha etc.

No vôlei feminino ocorrem registros dos dois sufixos; o de diminutivo e o de aumentativo. Assim, temos as jogadoras, mundialmente consagradas com vários títulos mundiais: Fofão, apelido dado pelo técnico José Roberto a Hélia Rogério de Sousa, de 1,73m, por achar seu nome muito complicado. Por que não Fofona ou Fofinha? Não encontramos outro nome próprio feminino com esse sufixo –ão. Já em Valeskinha, nome de Valeska dos Santos Menezes, de 1,80m, parece que foi adotada essa forma para não confundir com Walewska Moreira de Oliveira, de 1,90m. Ainda, a nosso ver, encontramos os afetivos Joycinha (Joyce Gomes da Silva), de 1,90m e Renatinha (Renata Colombo, de 1,81m), jogadora que pertenceu ao Rexoma-Ades.

No basquete feminino encontramos Katião (Kátia Denise), de 1,87, do BCN/Osasco, cuja forma aumentativa é devido a sua elevada estatura. No passado recente as grandes estrelas foram Hortência e Magic Paula. A primeira nunca foi chamada de Hortencinha, embora os torcedores tenham tido por ela o maior carinho. Já Paula recebeu, com toda justiça, o epíteto de Magic. As meninas da “bola ao cesto” mais conhecidas atualmente são Claudinha, Adrianinha, Natália, Micaela, Karla, Chuca, Jaqueline, Karem, Fernanda, Êga, Mamá, Franciele, Karina, Kelly, Graziane, Alessandra, Helen, Janeth, Iziane, Érika, Cíntia. Somente duas dessa lista respondem pelo seu nome com o sufixo –inha.

No futebol masculino a coisa é diferente. Esse esporte de força, de muitos movimentos, de saltos, correria, lances bruscos, muitas vezes responsáveis por graves contusões, apresenta seus “craques” e muitos jogadores importantes com aquela característica bem familiar do diminutivo ou do aumentativo. É interessante registrar que o aumentativo também pode introduzir a noção de “excelente”, “fantástico” quando, ao nome do jogador de grande destaque na partida, é acrescentado o sufixo –ão. Citamos como exemplo o goleiro do Palmeiras, ex-Seleção Brasileira, que, normalmente, é escalado com o nome de Marcos, mas se transforma em Marcão, ao fazer defesas maravilhosas, fechando o gol, como se diz na gíria do futebol. É chamado de Marcão tanto pelos locutores que transmitem as partidas, como pelos torcedores nas arquibancadas. Parece que houve uma contaminação semântica entre o sentido do sufixo –ão, com o conceito de “bom”, “excelente”, porque o dimensionamento (tamanho), inerente ao sufixo –ão, em substantivos, se mistura à forma idiomática de se empregar um substantivo com o valor (adjetivo) superlativo. Diz-se “ele é um homão”, querendo-se dizer que “ele é um homem muito bom, excelente homem”. O substantivo próprio (Marcão) passa a se comportar desta mesma forma, isto é, com função adjetiva, capaz de poder expressar, pelo sufixo a ele acrescentado, um sentido de intensidade. Esse fenômeno lingüístico está na deriva da língua portuguesa, uma vez que ocorre com certa freqüência, em situações quando, na linguagem, predomina a função poética. Há muitos anos, apareceu em out-doors, na cidade do Rio de Janeiro, uma publicidade do então Banco do Estado, BANERJ, pioneiro no lançamento do cheque especial, que dizia o seguinte:
BANERJ, O BANCO DO CHEQUÍSSIMO.

Agora, alguns nomes de jogadores com sufixo –inho.
Marquinho – Marco Aurélio Pereira Alves (Atlético Mineiro), de 1,72;
Luizinho Netto – Luís Idorildo Netto da Cunha (Atlético Mineiro), de 1,85m;
Carlinhos Bala – José Carlos da Silva (Cruzeiro, Sport Recife), de 1,65m;
Marinho – Mairon César Reis (Atlético Mineiro), de 1,79;
Danilinho – Danilo Veron Bairros (Atlético Mineiro), de 1,64;
Mazinho – Elismar Cândido Santos (América Mineiro), de 1,72;
Marcinho – Márcio José Oliveira (Atlético Mineiro), de 1,71;
Ilzinho – Ilson Pereira Dias Júnior ( São Paulo), de 1,78;
Romerito – Romer Mendonça Sobrinho ( Goiás Esporte Clube), de 1,83;
Leandrinho – Leandro da Silva Batista (Esporte Clube Juventude), de 1,69;
Edinho - Edison Carlos Felicíssimo Polidório (Paraná Clube);
Dininho – Irondino Ferreira Neto (Palmeiras), de 1,83;
Rafinha – Rafael da Silva Francisco (Grêmio de Porto Alegre), de 1,67;
Diguinho – Rodrigo Oliveira de Bittencourt (Botafogo), de 1,71;

E mais:

Serginho, Eltinho, Edinho (de Edmo), Fabinho, Foguinho (apelido, de fogo), Paulinho, Chiquinho, Juninho Paulista, Marcinho Guerreiro, Marcelinho . E são inúmeros

O jogador ZINHO, que defendeu o Flamengo, Seleção Brasileira, Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio, Yokahama (Japão), Nova Iguaçu (RJ) e Miami FC pode ser considerado um caso sui generis, pois um sufixo (morfema nominal) se transforma em lexema (substantivo próprio) devido, inegavelmente, ao seu incomum nome de batismo, Crizam César de Oliveira Filho, e à sua pequena estatura, mas tudo isso direcionado para uma nova forma afetiva de denominá-lo.

Muitos jogadores de futebol têm seus nomes no aumentativo, quase sempre por serem de estatura elevada. Assim:

Luizão – Luís Carlos Nascimento Júnior (Cruzeiro, de MG), de 1,84;
Fernandão – Fernando Lúcio da Costa (Internacional de Porto Alegre), de 1,90;
Magrão (apelido) – Márcio Rodrigues (Corinthians, SP), de 1,86;
Carlão – Carlos Roberto C. Jr. (Corinthians, SP), de 1,82;
Betão – Ebert Willian Amâncio (Corinthians, SP), de 1,81;
Chicão (sem aparente explicação) – Anderson Sebastião Cardoso (Figueirense de SC), de 1,81;
Fabão – José Fábio Alves Azevedo ( São Paulo), de 1,87.

É muito longa a lista desses nomes próprios, masculinos e femininos, com os sufixos –inho(a) ou –ão, pois essa maneira afetiva, debochada ou até pejorativa está enraizada na nossa cultura e é assim que os meninos e meninas são chamados no seio familiar, levando, muitas vezes, para a vida profissional essa marca lingüística que deve ser respeitada. Achamos que esse texto deu para se ter uma idéia dessa curiosa diversidade de nomes próprios nos esportes de massa, no vôlei, no basquete e, principalmente, no futebol.


ATÉ A PRÓXIMA

3 comentários:

Anônimo disse...

Ki bom

Unknown disse...

e a marca do sorvete e da neste também

Anônimo disse...

Você me ajudou na escola obrigado