Sou do tempo em que o campeonato carioca era de cariocas mesmo. Quer dizer, os times que disputavam o campeonato eram da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Menos um, o Canto do Rio, que era de Niterói. O campeonato era por pontos corridos e os jornais da época, nas seções de esportes davam a colocação, sempre nas segundas-feiras, com alegorias criativas, como corrida de automóveis, chamadas de baratinha, ou em engraçadas figuras, representando os times, subindo num pau de sebo. Carioca torcia para carioca. Os times de primeira linha, evidentemente, tinham as maiores torcidas que enchiam os estádios da Gávea, das Laranjeiras, do Botafogo da rua General Severiano, do Vasco da Gama, o time da colina de São Januário, do Olaria, do Bangu, em Moça Bonita, quentíssimo subúrbio da Central, do Bonsucesso, do América, em Campos Sales, do São Cristóvão, onde nasceu o fenômeno Ronaldinho, do Madureira da rua Conselheiro Galvão, num senhor bairro, onde ferve um comércio fabuloso. Um pouco mais recente, o Campo Grande, representante da zona oeste do Rio, e a Portuguesa, localizada nos descampados dos ventos uivantes da Ilha do Governador, também compuseram esse conglomerado de times, o que fazia do campeonato carioca o mais glamoroso, pois todos eles eram da mesma cidade, da Cidade Maravilhosa. Menos o Canto do Rio, como dissemos, de cujo bairro niteroiense se descortina a mais espetacular vista do Rio de Janeiro, emoldurado pela Baía da Guanabara. Um show! Não sou do tempo do Andaraí, mas sei que em seu estádio, naquele bairro entre Vila Isabel e Grajaú, que já foi do América e hoje abriga um Shopping esquisitíssimo, já houve memoráveis partidas de futebol. Foi lá que jogou, por aquele Andaraí Atlético Clube, o famoso Dondon, que até virou música de autoria de Nei Lopes, interpretada por Zeca pagodinho e depois por Dudu Nobre.
Portanto, tenho uma opinião formada sobre o campeonato regional do Rio de Janeiro. Os times grandes e os pequenos, que ainda existem, com sede na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que têm tradição na disputa de campeonatos desde os tempos pré-cabralianos, disputariam um campeonato por pontos corridos ou de qualquer outra forma, desde que se descubra uma agenda para isso. Se não tiverem, o Secretário de Esportes do Rio, juntamente com o Prefeito e a CBF arranjariam um jeito em prol da volta de tudo aquilo que encheu de encanto e poesia o campeonato de futebol da nossa maravilhosa cidade.
Paralelamente os clubes das cidades do interior disputariam um campeonato nos mesmos moldes. Capital é capital e interior é interior, sem nenhum resquício de superioridade sócio-cultural, mas em favor da crua realidade. O campeão da Cidade do Rio de Janeiro (Campeão CARIOCA) jogaria com o campeão do interior do Estado do Rio de Janeiro (Campeão Fluminense - sem trocadilho). Aí sim, seria conhecido o campeão ESTADUAL. Campeão CARIOCA é uma coisa. Campeão ESTADUAL FLUMINENSE é outra coisa. Nada de Taça Guanabara e de Taça Rio. Isso não diz nada, nada acrescenta à crônica...
Veja em São Paulo. O campeão do Estado se chama CAMPEÃO PAULISTA e não CAMPEÃO PAULISTANO. Lá, em São Paulo, do campeonato Estadual participam clubes da capital e do interior. Daí, campeão PAULISTA. Mas São Paulo é outra coisa, ô mêo!
Veja em São Paulo. O campeão do Estado se chama CAMPEÃO PAULISTA e não CAMPEÃO PAULISTANO. Lá, em São Paulo, do campeonato Estadual participam clubes da capital e do interior. Daí, campeão PAULISTA. Mas São Paulo é outra coisa, ô mêo!
ATÉ A PRÓXIMA
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