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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

AS MARCHINHAS CARNAVALESCAS VÃO VOLTAR ?


Estou postando nesse BLOG mais dedicado aos temas dos esportes de massa, basicamente o futebol, porque no BLOG DO PROFESSOR estão sendo postados os textos dedicados à memória do Professor Leodegário A. de Azevedo Filho, falecido no dia 30 de janeiro de 2011, no Rio de Janeiro.
Assim, este texto sobre as marchinhas de carnaval será publicado também, oportunamaente no BLOG DO PROFESSOR .


“Tanto riso, oh quanta alegria, mais de mil palhaços no salão...

Será que ainda existem arlequins e colombinas ? Não há mais bailes de carnaval ! A Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro mudou. O Brasil mudou. O mundo mudou. Nós mudamos. A folia de carnaval combinava com o romantismo do pecado, escamoteado em rápidos agarramentos, beijinho no pescoço, alguns até na boca e mãos alisando os seios pela metade. Isso mesmo, só a parte de cima. Apalpá-los totalmente só na terça-feira gorda. Hoje, as cenas da Casa Mais Vigiada do Brasil, que repetem as orgias das casas de prostituição da Rua Alice, dos idos dos anos 40, com muito mais profissionalismo, não despertam em ninguém nenhuma sensação de desejo. Vulgarizou geral. As investidas da rapaziada nos blocos de sujo para cima das meninas deixaram de ter motivação. Consegue-se tudo isso a qualquer momento, com qualquer parceira, em nome de uma modernidade luxuriosa, presente em todas as casas que tenham um aparelho de televisão ligado na Rede Globo, ufanisticamente aplaudida por um povinho sem cultura nenhuma e com um gosto musical, esteticamente castrado, fã ardoroso de um grande animador, dublê de literato, apresentador desse programa chamado, só para disfarçar, de jogo de relacionamento social.

Nos carnavais de antigamente uma libidinagem bem acanhada e o proibido mesmo alimentavam a fantasia do desejo, explodindo toda a manifestação sensual reprimida na verbalização das marchinhas carnavalescas, com suas letras quase sempre falando da paixão carnal, da dor de cotovelo, do amor não correspondido, tudo com metáforas poéticas, sem vocábulos chulos e muito duplo sentido, um resquício de recato, para não falar vergonha, que desapareceu totalmente nos dias de hoje. Os temas recorrentes a assuntos que agora poderíamos chamar de politicamente incorretos, ou de socialmente degradados, como, por exemplo, a famosa Cabeleira dos inúmeros Zezés, que andam por aí, eram retratados metaforicamente, com recato e duplo sentido, diluindo o referencial numa linguagem figurada bem arrumada, induzida e bem produzida. Isso mesmo, com RIMA !

Também era muito comum nas letras das marchinhas de carnaval a crítica política, explicitada através do humor como riso. As "maracutaias" dos políticos da época surgiam espirituosamente nas músicas carnavalescas, sempre com retumbante sucesso, como se o desvio social do homem público fosse alguma coisa para se achar graça... Mas era assim mesmo e creio que a coisa ainda não mudou. Quanto aos desmandos e às roubalheiras dos políticos atuais, parece que nisso ninguém mais acha graça, não. Mas muita gente deixa como está, porque pior não pode ficar, não é Deputado Tiririca? Esses desvios não têm mais graça nenhuma e, agora, não seria tema de nenhuma música carnavalesca, pensamos nós. A censura dos anos 40 e 50 ainda despertava a vontade de se criticar o “status quo”. Parece que hoje, isso não funcionaria. Está ocorrendo uma tentativa para reviver as marchinhas de carnaval, mas a divulgação das músicas vencedoras nos concursos promovidos pela TV Globo, no FANTÁSTICO, aos domingos, não são muito divulgadas pelo rádio, como antigamente. E as Organizações Globo sabem que "o brasileiro não vive sem rádio"! Aliás, o Rádio também mudou. Não se faz mais uma PRE-8, Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, como antigamente! No interior do Brasil as emissoras de rádio só tocam música da pior qualidade. E quem ouve? Gente de uma sensibilidade também muito questionável. Realmente, os tempos mudaram, mas a música, erudita ou popular, e a poesia construída com nosso idioma sempre terão um lugar de destaque na vida artística de todos aqueles que cultuam a arte e trabalham com a estética do belo.

Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão”.
(Zé Keti)

ATÉ A PRÓXIMA

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