PESQUISE NUMA BOA

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

QUE CARA INTELIGENTE E LINDO !





Muricy vai ficar sem emprego brevemente, pois está superado. Sua filosofia (?) de jogo já era. Esse cara é mais arrogante do que se pensava. Dizer que "espetáculo só há em teatro" ou "quem quiser ver espetáculo vá ao teatro" foi a gota d'água. Aliás, Muricy, qual foi a última vez que você foi ao teatro para assistir a uma peça? Agora eu vou ver novamente a goleada do Barcelona sobre o seu time que tem uma excelente estrutura para se trabalhar, lembra? Vou me divertir muito vendo um belíssimo espetáculo, sem precisar ir ao teatro. Depois das festas natalinas pretendo assistir à comédia Três Homens Baixos. Não é brincadeira, não, Muricy. Sei que você poderia estar pensando ainda nos três baixinhos que infernizaram o Santos: Iniesta, Messi e Xavi. Mas não é nada disso. Trata-se da peça encenada pelos atores Francisco Cuoco, Anselmo Vasconcelos e Orlando Vieira ao palco do Teatro Jaraguá, localizado dentro do Novotel Jaraguá, na Rua Martins Fontes, 71, Bela Vista, São Paulo. A comédia de costumes sobre as facetas do universo masculino, revelada a partir do ponto de vista dos personagens Ciro (professor universitário), Samuca (banqueiro de jogo do bicho) e Titi (publicitário clichê). Bem que poderia ser pelos craques do Barcelona também. Mas aí a coisa é outra.





Por falar em teatro, o Brasil está de luto com a morte do fabuloso Sérgio Brito.










ATÉ A PRÓXIMA

domingo, 18 de dezembro de 2011

SOU CAMPEÃO MORAL, PORQUE NÃO DEIXARAM MEU TIME JOGAR





E ele falou:

Pois é! O Rio de Janeiro com suas praias de mar aberto, como a Barra da Tijuca, o Recreio dos Bandeirantes e a Prainha, por exemplo, são horrorosas. Bom mesmo são as praias de Santos, com seu mar azul e areia branquinha e um visual incrível, com as silhuetas dos navios do porto, na linha do horizonte... Praia de areia dura é outra coisa... Maravilha! Isso é que é lugar para se viver e treinar um time de futebol... Lá, eu tenho uma estrutura muito melhor do que os times europeus. Não é essa porcaria daqui das Laranjeiras, sem nenhum conforto, uma porcaria só. Vou sair do Rio de Janeiro e vou para São Paulo, treina o Santos, pois com esse time competitivo vou ser campeão das Américas e do mundo. Vou me preparar para ser é campeão do mundo. Com esse timinho tricolor não vai dar. Uma banana pra essa gentinha! Vou é me mandar pra "sumpaulo" e ser Campeão, pois eu serei o maior do Mundo!!!!!



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ATÉ A PRÓXIMA

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CUIDADO ! ESTAMOS CHEGANDO...







O tempo passa e os dias vão transformando em paz o que era briga e irritação...





Fred falou a verdade e os deuses o favoreceram.






Agora, se aquele técnico esquisito, que não gosta das praias do Rio de Janeiro e odeia o sol dos cariocas, não tivesse feito aquele papelão com o FLUMINENSE (com o Clube e com a torcida tricolor, não com os jogadores), deixando-o acéfalo, a esperar uma eternidade pelo Abel, nós hoje terímamos 96% de chance para sermos bi-campeões.




Mas os 4% que nos restam apavorarão os nossos adversários, de tal maneira que todos tombarão exangues pelo caminho e a multidão ficará emocionadíssima com a nossa chegada ao topo derradeiro desse Campeonato Brasileiro de 2011, pois somos time de guerreiros e de chegada.





Quem viver, verá.





Só resta, agora, ao Muruci Ramalho tomar um "baile" do Barcelona e voltar pedantemente para as praias de Santos que devem ter as águas mais azuis do que as da Barra da Tijuca, no mínimo...





ATÉ A PRÓXIMA

sábado, 6 de agosto de 2011

TIRE ESSA CAMISA OU FALE A VERDADE




Na sua segunda entrevista, Sr. Fred, você demonstrou nitidamente que está querendo um pretexto para não jogar mais no Fluminense. Se você fosse de um outro clube qualquer do Rio de Janeiro, poderia dizer essas besteiras sobre sequestro, perseguição e outras bobagens que até poderia ter algum torcedor que acreditasse. Mas com a torcida do Fluminense é bem diferente. AQUI NÃO TEM NENHUMA BESTA QUADRADA, NÃO!




Todos nós estamos entendendo a sua jogada. Aliás péssima jogada, Sr. Fred. Isso não se faz impunemente, viu? Eu se fosse da Diretoria das Laranjeiras deixaria o senhor no banco até vencer o seu contrato.




Seja franco e honesto, seu flamenguista enrrustido. Aliás, o Emerson Sheique já havia dito que o senhor cantou o hino do Flamengo na concentração.




Caia fora ou dê uma desculpa convincente.




Honre essa camisa tricolor e dê uma explicação certinha e com pé e cabeça para essa tal de perseguição de torcedores.




Por que você não quer jogar nesse domingo, dia 14 ? Seleção? Os outros convocados vão jogar e sua historinha já não ilude mais nenhum torcedor tricolor.




Resolva-se, cidadão, pois o que você só sabe fazer na vida é jogar bola. Pense nisso!








ATÉ A PRÓXIMA

FRED, SEJA CLARO, RAPAZ!






Fred, diga claramente se você fica no FLU ou se vai para algum outro clube.
Seja claro!
Esse negócio já está ficando chato demais! Isso não aconteceu com o Conca, que saiu como verdadeiro ídolo. Nenhuma queixa. Nenhum reparo.
Agora, só depende de você, Fred, para ocupar seu lugar de destaque na galeria dos grandes craques tricolores das Laranjeiras.
Diga logo, Fred!

FICA OU SAI ?



ATÉ A PRÓXIMA

domingo, 17 de julho de 2011

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DO FUTEBOL DESSE PAÍS...

O futebol da Seleção Brasileira é uma balela. Trata-se de um futebol para todos da CBF ganhar dinheiro. Muito dinheiro. Para que a convocação desses jogadores estrangeiros que nunca jogam juntos? Para que convocar jogadores que atuam no Brasil e também nunca jogaram juntos? Sempre soube que futebol é conjunto. É só convocar o melhor time do Brasil na atualidade, dá-lhe a camisa amarelinha e sair para o abraço. Por que Mano Meneses não convocou o Corinthians? Ganharia tudo. Dava uma lambada no Paraguai e traria o caneco para cá. Agora, convocar jogadores e mais jogadores, tirando dos times que disputam o Campeonato Brasileiro os melhorezinhos, pois não me digam que o Fred, por exemplo, estava em forma no Fluminense. E assim por diante. E aquele cara desconhecido, do qual nem me lembro o nome, que foi escalado no primeiro jogo dessa Copa América? Veio de onde? Agora, se o Brasil tivesse a sorte deslavada de ser campeão, em quanto estaria valorizado o seu passe? E quem ganharia com isso. Eu é que não ganharia nada, mas os homens da CBF, juro que não ficariam zangadinhos... Parem com isso, senhores dirigentes da CBF! Uma Seleção Brasileira ser eliminada nos pênaltis, perdendo 4 pênaltis seguidos. Que horror! Nunca antes na história desse país isso aconteceu, não é mesmo Seu Lula "curintianu"! O povo brasileiro pode ser analfabeto em sua grande maioria, péssimo eleitor, esquecido, sem memória, bronco, sem força para se indignar com as constantes patifarias sofridas e os assaltos a seu bolso etc etc etc, mas não é burro! Burro, não! Burro, não! Pelo menos conhece futebol. Conhece futebol como esporte lúdico, honesto e decente. E sabe que futebol é conjunto. Mas desconhece esse tal de "foot-baal business" em que nosso jogo de bola se transformou pela ganância de seus dirigentes de meia tigela e virou um grande negócio. Negócio da China. Aliás, para onde foi o Conca? Para a China, não é mesmo?


Bem, a favor desses dirigentes descarados de nosso mais representativo esporte de massas, pode-se dizer que é melhor ganhar dinheiro fácil e mais ou menos desonesto - poderia dizer mais ou menos honesto - seria a mesma coisa, do que roubar os cofres públicos como essas pústulas de políticos sem vergonha que ocupam cargos importantes em nossa triste e esfarrapada República estão fazendo e esfregam as mãos de contentamento com as marmeladas preparadas para a próxima Copa do Mundo, batendo já em nossas portas.


(Foto: google.com.br)


ATÉ A PRÓXIMA


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

CAMPEONATO CARIOCA ? ONDE ? QUANDO ? COMO ?


Sou do tempo em que o campeonato carioca era de cariocas mesmo. Quer dizer, os times que disputavam o campeonato eram da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Menos um, o Canto do Rio, que era de Niterói. O campeonato era por pontos corridos e os jornais da época, nas seções de esportes davam a colocação, sempre nas segundas-feiras, com alegorias criativas, como corrida de automóveis, chamadas de baratinha, ou em engraçadas figuras, representando os times, subindo num pau de sebo. Carioca torcia para carioca. Os times de primeira linha, evidentemente, tinham as maiores torcidas que enchiam os estádios da Gávea, das Laranjeiras, do Botafogo da rua General Severiano, do Vasco da Gama, o time da colina de São Januário, do Olaria, do Bangu, em Moça Bonita, quentíssimo subúrbio da Central, do Bonsucesso, do América, em Campos Sales, do São Cristóvão, onde nasceu o fenômeno Ronaldinho, do Madureira da rua Conselheiro Galvão, num senhor bairro, onde ferve um comércio fabuloso. Um pouco mais recente, o Campo Grande, representante da zona oeste do Rio, e a Portuguesa, localizada nos descampados dos ventos uivantes da Ilha do Governador, também compuseram esse conglomerado de times, o que fazia do campeonato carioca o mais glamoroso, pois todos eles eram da mesma cidade, da Cidade Maravilhosa. Menos o Canto do Rio, como dissemos, de cujo bairro niteroiense se descortina a mais espetacular vista do Rio de Janeiro, emoldurado pela Baía da Guanabara. Um show! Não sou do tempo do Andaraí, mas sei que em seu estádio, naquele bairro entre Vila Isabel e Grajaú, que já foi do América e hoje abriga um Shopping esquisitíssimo, já houve memoráveis partidas de futebol. Foi lá que jogou, por aquele Andaraí Atlético Clube, o famoso Dondon, que até virou música de autoria de Nei Lopes, interpretada por Zeca pagodinho e depois por Dudu Nobre.

Portanto, tenho uma opinião formada sobre o campeonato regional do Rio de Janeiro. Os times grandes e os pequenos, que ainda existem, com sede na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que têm tradição na disputa de campeonatos desde os tempos pré-cabralianos, disputariam um campeonato por pontos corridos ou de qualquer outra forma, desde que se descubra uma agenda para isso. Se não tiverem, o Secretário de Esportes do Rio, juntamente com o Prefeito e a CBF arranjariam um jeito em prol da volta de tudo aquilo que encheu de encanto e poesia o campeonato de futebol da nossa maravilhosa cidade.

Paralelamente os clubes das cidades do interior disputariam um campeonato nos mesmos moldes. Capital é capital e interior é interior, sem nenhum resquício de superioridade sócio-cultural, mas em favor da crua realidade. O campeão da Cidade do Rio de Janeiro (Campeão CARIOCA) jogaria com o campeão do interior do Estado do Rio de Janeiro (Campeão Fluminense - sem trocadilho). Aí sim, seria conhecido o campeão ESTADUAL. Campeão CARIOCA é uma coisa. Campeão ESTADUAL FLUMINENSE é outra coisa. Nada de Taça Guanabara e de Taça Rio. Isso não diz nada, nada acrescenta à crônica...
Veja em São Paulo. O campeão do Estado se chama CAMPEÃO PAULISTA e não CAMPEÃO PAULISTANO. Lá, em São Paulo, do campeonato Estadual participam clubes da capital e do interior. Daí, campeão PAULISTA. Mas São Paulo é outra coisa, ô mêo!


ATÉ A PRÓXIMA

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

AS MARCHINHAS CARNAVALESCAS VÃO VOLTAR ?


Estou postando nesse BLOG mais dedicado aos temas dos esportes de massa, basicamente o futebol, porque no BLOG DO PROFESSOR estão sendo postados os textos dedicados à memória do Professor Leodegário A. de Azevedo Filho, falecido no dia 30 de janeiro de 2011, no Rio de Janeiro.
Assim, este texto sobre as marchinhas de carnaval será publicado também, oportunamaente no BLOG DO PROFESSOR .


“Tanto riso, oh quanta alegria, mais de mil palhaços no salão...

Será que ainda existem arlequins e colombinas ? Não há mais bailes de carnaval ! A Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro mudou. O Brasil mudou. O mundo mudou. Nós mudamos. A folia de carnaval combinava com o romantismo do pecado, escamoteado em rápidos agarramentos, beijinho no pescoço, alguns até na boca e mãos alisando os seios pela metade. Isso mesmo, só a parte de cima. Apalpá-los totalmente só na terça-feira gorda. Hoje, as cenas da Casa Mais Vigiada do Brasil, que repetem as orgias das casas de prostituição da Rua Alice, dos idos dos anos 40, com muito mais profissionalismo, não despertam em ninguém nenhuma sensação de desejo. Vulgarizou geral. As investidas da rapaziada nos blocos de sujo para cima das meninas deixaram de ter motivação. Consegue-se tudo isso a qualquer momento, com qualquer parceira, em nome de uma modernidade luxuriosa, presente em todas as casas que tenham um aparelho de televisão ligado na Rede Globo, ufanisticamente aplaudida por um povinho sem cultura nenhuma e com um gosto musical, esteticamente castrado, fã ardoroso de um grande animador, dublê de literato, apresentador desse programa chamado, só para disfarçar, de jogo de relacionamento social.

Nos carnavais de antigamente uma libidinagem bem acanhada e o proibido mesmo alimentavam a fantasia do desejo, explodindo toda a manifestação sensual reprimida na verbalização das marchinhas carnavalescas, com suas letras quase sempre falando da paixão carnal, da dor de cotovelo, do amor não correspondido, tudo com metáforas poéticas, sem vocábulos chulos e muito duplo sentido, um resquício de recato, para não falar vergonha, que desapareceu totalmente nos dias de hoje. Os temas recorrentes a assuntos que agora poderíamos chamar de politicamente incorretos, ou de socialmente degradados, como, por exemplo, a famosa Cabeleira dos inúmeros Zezés, que andam por aí, eram retratados metaforicamente, com recato e duplo sentido, diluindo o referencial numa linguagem figurada bem arrumada, induzida e bem produzida. Isso mesmo, com RIMA !

Também era muito comum nas letras das marchinhas de carnaval a crítica política, explicitada através do humor como riso. As "maracutaias" dos políticos da época surgiam espirituosamente nas músicas carnavalescas, sempre com retumbante sucesso, como se o desvio social do homem público fosse alguma coisa para se achar graça... Mas era assim mesmo e creio que a coisa ainda não mudou. Quanto aos desmandos e às roubalheiras dos políticos atuais, parece que nisso ninguém mais acha graça, não. Mas muita gente deixa como está, porque pior não pode ficar, não é Deputado Tiririca? Esses desvios não têm mais graça nenhuma e, agora, não seria tema de nenhuma música carnavalesca, pensamos nós. A censura dos anos 40 e 50 ainda despertava a vontade de se criticar o “status quo”. Parece que hoje, isso não funcionaria. Está ocorrendo uma tentativa para reviver as marchinhas de carnaval, mas a divulgação das músicas vencedoras nos concursos promovidos pela TV Globo, no FANTÁSTICO, aos domingos, não são muito divulgadas pelo rádio, como antigamente. E as Organizações Globo sabem que "o brasileiro não vive sem rádio"! Aliás, o Rádio também mudou. Não se faz mais uma PRE-8, Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, como antigamente! No interior do Brasil as emissoras de rádio só tocam música da pior qualidade. E quem ouve? Gente de uma sensibilidade também muito questionável. Realmente, os tempos mudaram, mas a música, erudita ou popular, e a poesia construída com nosso idioma sempre terão um lugar de destaque na vida artística de todos aqueles que cultuam a arte e trabalham com a estética do belo.

Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão”.
(Zé Keti)

ATÉ A PRÓXIMA

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

AS FOGOSAS AVENTURAS DE J. FERREIRA


Estou postando nesse BLOG mais dedicado aos temas dos esportes de massa, basicamente o futebol, porque no BLOG DO PROFESSOR estão sendo postados os textos dedicados à memória do Professor Leodegário A. de Azevedo Filho, falecido no último domingo, dia 30 de janeiro de 2011, no Rio de Janeiro.


Assim, esta RECENSÃO sobre o livro de Maurício Murad, AS FOGOSAS AVENTURAS DE J. FERREIRA, será publicada também, oportunamaente no BLOG DO PROFESSOR .

RECENSÃO

Editora 7 Letras, RJ, 2008.128 páginas.

AS FOGOSAS AVENTURAS DE J. FERREIRA é um romance de Maurício Murad que pretende ser uma fábula, com resquícios literários machadianos e que fala da vida, do amor e dos percalços por que passa um casal da classe média de nossos dias. Uma doença degenerativa, o Mal de Alzheimer, ceifa a vida do personagem central. A narrativa se torna densa. Ceifa a vida, mas não o prazer do texto, como diria Roland Barthes. O Autor mistura suas experiências de vida com um imaginário relacionamento familiar. Nos seus dez capítulos, o livro nos apresenta a progressão de um envolvimento bem articulado do narrador com o personagem central, João Ferreira, tratado referencialmente como J. Ferreira. Cada capítulo recebe um nome, significativamente retirado da história do texto desenvolvido.
O livro apresenta uma DEDICATÓRIA poética, referindo-se a três personagens chaves, onde a poesia já contracena com as duras vicissitudes da vida, prenúncio da morte, suavizada por uma narrativa eminentemente conotativa, escamoteando o triste desfecho da história. Assim, a partir desse primeiro contato com o romance, a metáfora do riso surgirá principalmente no primeiro capítulo, contrastando sempre, por antítese, com a tristeza da morte. E o primeiro capítulo funciona como uma introdução, apresentando o personagem Jota, através do discurso indireto livre e uma fala direta propositadamente dirigida ao leitor, que se excita e por isso se seduz com um discurso que lembra a técnica machadiana, fazendo do leitor seu cúmplice e parceiro.
Os recursos estilísticos utilizados por Maurício Murad são inúmeros e variam da metáfora ao estranhamento. Das sinestesias às hipálages, as mais variadas.
Olhei, meio porque não estava fazendo nada mesmo, e porque fui induzido a olhar para a frase que insistente serpenteava o tempo e ondulava o espaço”.
Com erudição, trabalha com maestria a grande característica do protagonista Jota, a sua simpatia e o seu riso, para quem, talvez, a vida poderia ser vista como uma grande comédia, rindo com todo o corpo, “menos com a boca”, região do corpo humano em que se especializou profissionalmente, como dentista. E no bloco praticamente da apresentação do personagem central, com uma sutil e bem colocada ironia, percorre inúmeras veredas do conhecimento, como na apresentação do bordão criado por J.Ferreira, o calor de bode. E as citações latinas surgem sem agredir o leitor, como a clássica sentença romana, “asinus ad liram”. De Santeui recolhe a máxima latina "ridendo mores castigat". E continua como crítico do cotidiano a colocar o dedo sobre as mazelas da vida social:
Crime pior do que assaltar um banco é fundar um banco”.
A leitura da vida se faz pelas palavras e seus significados primeiros.
Apesar da idade avançada e o jeito lento, tinha um aperto de mão cheio de personalidade e presença, dava pra sentir e eu senti o seu vigor. Fogoso, claro, fogoso! Tudo nele era fogoso. Todas as aventuras dele eram fogosas e fogosas não no sentido comum do termo. Marketing apelativo de um erotismo barato e diário, não, mas fogosas como fogo e fogo como energia, como vida, com alma, desse jeito mesmo como entendiam os gregos e sua mitológica mitologia”.

Serve-se de termos e frases latinas demonstrando erudição sem a pompa discursiva do academicismo, privilegiando a diacronia sobre a sincronia vocabular. E isso ocorre sempre que pretende teorizar.
Maurício Murad trabalha com o intertexto e sabe dosá-lo, sem ser ostensivo, colocando o saber no lugar certo, onde ele deve ser colocado, compondo o enredo, com exatidão, sem pernosticidade.

Ai, que saudades eu tenho, da aurora de minha vida, da minha infância querida, dos tempos que não voltam mais”.
O poético e a poesia em As fogosas aventuras de J. Ferreira surgem, muitas vezes, pela tentativa de uma teorização crítico-literária (“a poesia não é de quem a faz, mas de quem dela necessita”) e por alternância sintagmática em quiasma (“...e simultaneamente chorou e sorriu, sorriu e chorou”). Essa combinação de artifícios estéticos e lingüísticos imprime ao texto de Maurício Murad um estilo próprio, colocando seu discurso numa posição de significativo destaque na literatura brasileira atual. E com essa técnica narrativa apurada, o romance flui através do discurso indireto livre, o que posiciona o leitor no tempo subjetivo da narrativa. Nesse tempo proposto pelo autor, quase sempre, os diálogos surgem sem possibilidade de um feed-back, mas têm poder de captar a nossa atenção, evitando a dispersão. Diálogo proposto, monólogo exposto.
Ao retornar já tinha um plano completo para mim, que nunca revelou... para mim. Soube tempos depois, certa feita, num desses encontros em que caminhávamos pelo calçadão, soube por Jota que estava bravo com Analu, porque ela agora deu para inventar que eu estou esquecendo as mínimas coisas e não é verdade, eu lembro de muitas e muitas coisas, mesmo quando antigas”.

A narrativa do romance oscila sempre entre o autor onisciente e seu contraponto, J. Ferreira. É uma conversa com o leitor, para tentar chegar à degeneração física da personagem, praticamente biografada, no último capítulo, mas sempre com atenuantes minimizadoras da terrível realidade, o Mal de Alzheimer. Os textos se aproximam de um relatório amenizados por passagens poéticas (“Assim aspiro, assim espero”).

O caminho que se avizinhava era tortuoso e imprescritível. Nesse tipo de morada, as ruínas humanas eram vistas a olho nu. O nosso Jota havia chegado a um ponto onde os limites da existência se apresentavam duros e cruéis, acotovelando-se impiedosamente ao redor da pessoa. Eu era sabedor que essas baixas camadas da vida lá estaria pra nos receber”.

Finalmente, a personagem J. Ferreira fala pela narrativa onisciente do autor e uma das atenuantes acima referidas pode se encontrar no próprio título do último capítulo: PRIMEIRO DE ABRIL É UMA BOA DATA. Lá, até as metáforas, indicadoras do predomínio da conotação sobre a denotação são mais fortes, pesadas, mas aliviam a tensão que domina o texto final, impregnado pelo intertexto machadiano, onde o poético dilui o trágico.


ATÉ A PRÓXIMA