Os comentaristas dos jogos de futebol pela televisão são chamados a intervir, pelos narradores e falam do jogo como se falassem para os técnicos das equipes que estão disputando a partida. Para quê? Que efeito objetivo tem esses comentários, se, só quem ouve essas opiniões, às vezes muito subjetivas, são os telespectadores? E, é bom dizer, que muitos de nós, míseros desconhecedores dessas estratégias, para garantirem vitórias extraordinária, não estamos interessados em ouvir esse blá-blá-blá chatíssimo. O jogo que é bom, mesmo, deixa de ser narrado. Mas no caso da televisão, alguém pode dizer que se já estamos vendo tudo, para que narrar o jogo todo? Mas não é assim, não! Sobre isso também falei em livros, artigos e palestras. Se esses comentários fossem feitos, como antigamente, durante o intervalo das partidas, seria bem melhor. Até técnicos menos qualificados poderiam ouvi-los.... Mas não posso deixar de perguntar. Será que esses comentários, como são feitos, dentro da partida em andamento, são assim idealizados para dar emprego a jornalistas esportivos, fora das redações dos jornais? Aliás, na briga por audiência, este meio frio que é a televisão é muito mais competitivo do que aquele gutembértico meio quente de comunicação, o rádio. Esses comentaristas falam demais. Leem estatísticas de eventos passados, todos elaborados pela produção e muitas vezes chamam a esses dados pesquisados nos bastidores da história do futebol de “scout”. Sobre esse indigesto termo inglês podem ler o que escrevi em meu último livro, FUTEBOL FALADO e sua dramática linguagem figurada (Ver a capa em cima). Dizemos estas coisas, não por temos ojeriza aos estrangeirismos, pois possuímos a consciência lingüística de que são inofensivos ao sistema da língua portuguesa, pois surgem de relacionamentos culturais, entre povos, naturalmente, e esses empréstimos ou estrangeirismos, são, ainda, de natureza léxica e não morfológica e em nada podem mudar a língua portuguesa, que permanecerá a mesma. Mas os chamo de indigesto porque são chatíssimos e pedantes. O povão não sabe o que é isso. Será que só o povão? Mas, voltando a esses arroubos de modice. Muitos comentaristas se expressam rebuscadamente por uma imposição da sofisticação de suas casas de trabalho, uma questão locativa, isto é, por atuarem em emissoras requintadas, colocadas no topo de distinta estrutura, e por estarem à frente das demais, no “rank” técnico e estético. Quando a rádio ou a emissora de TV é mais popular, seus comentaristas de futebol mudam o linguajar. Bem isso é válido e aí está o meu “mandiocal” ou o “corpus” das pesquisas linguísticas que venho realizando.
ATÉ BREVE