PESQUISE NUMA BOA

sexta-feira, 26 de março de 2010

BLÁ-BLÁ-BLÁ FUTEBOLÍSTICO







Os comentaristas dos jogos de futebol pela televisão são chamados a intervir, pelos narradores e falam do jogo como se falassem para os técnicos das equipes que estão disputando a partida. Para quê? Que efeito objetivo tem esses comentários, se, só quem ouve essas opiniões, às vezes muito subjetivas, são os telespectadores? E, é bom dizer, que muitos de nós, míseros desconhecedores dessas estratégias, para garantirem vitórias extraordinária, não estamos interessados em ouvir esse blá-blá-blá chatíssimo. O jogo que é bom, mesmo, deixa de ser narrado. Mas no caso da televisão, alguém pode dizer que se já estamos vendo tudo, para que narrar o jogo todo? Mas não é assim, não! Sobre isso também falei em livros, artigos e palestras. Se esses comentários fossem feitos, como antigamente, durante o intervalo das partidas, seria bem melhor. Até técnicos menos qualificados poderiam ouvi-los.... Mas não posso deixar de perguntar. Será que esses comentários, como são feitos, dentro da partida em andamento, são assim idealizados para dar emprego a jornalistas esportivos, fora das redações dos jornais? Aliás, na briga por audiência, este meio frio que é a televisão é muito mais competitivo do que aquele gutembértico meio quente de comunicação, o rádio. Esses comentaristas falam demais. Leem estatísticas de eventos passados, todos elaborados pela produção e muitas vezes chamam a esses dados pesquisados nos bastidores da história do futebol de “scout”. Sobre esse indigesto termo inglês podem ler o que escrevi em meu último livro, FUTEBOL FALADO e sua dramática linguagem figurada (Ver a capa em cima). Dizemos estas coisas, não por temos ojeriza aos estrangeirismos, pois possuímos a consciência lingüística de que são inofensivos ao sistema da língua portuguesa, pois surgem de relacionamentos culturais, entre povos, naturalmente, e esses empréstimos ou estrangeirismos, são, ainda, de natureza léxica e não morfológica e em nada podem mudar a língua portuguesa, que permanecerá a mesma. Mas os chamo de indigesto porque são chatíssimos e pedantes. O povão não sabe o que é isso. Será que só o povão? Mas, voltando a esses arroubos de modice. Muitos comentaristas se expressam rebuscadamente por uma imposição da sofisticação de suas casas de trabalho, uma questão locativa, isto é, por atuarem em emissoras requintadas, colocadas no topo de distinta estrutura, e por estarem à frente das demais, no “rank” técnico e estético. Quando a rádio ou a emissora de TV é mais popular, seus comentaristas de futebol mudam o linguajar. Bem isso é válido e aí está o meu “mandiocal” ou o “corpus” das pesquisas linguísticas que venho realizando.

ATÉ BREVE

quinta-feira, 11 de março de 2010

CHUPANDO O DEDO



Há uma pitadinha de culpa, por parte dos jornalistas esportivos, quando assinalam em manchetes que um time ou um jogador ou até muitos jogadores humilham (sic) os adversários em campo, insistindo em termos como “massacre” e seu campo semâtico, relacionado a GUERRA, como já falara, na França, Robert Galisson, na década de 70, para citar apenas um autor estrangeiro, especializado nas linguagens especiais dos esportes de massa. Mas que culpa é essa a que me referi na primeira linha desta reflexão crítica? Trata-se da expansão da violência nos campos de futebol, pois esses comentaristas esportivos corroboram, sim, com a violência, pois disseminam a ideia de que as jogadas espetaculares são ofensas aos adversários. Se esse é o pensamento de alguns repórteres, comentaristas, locutores esportivos, homens até com razoável estudo e grau de instrução superior, imaginem o que pode acontecer na cabeça adolescente de meninos deslumbrados pela fama, que escutam isso e que estão nascendo, agora, para as glórias do futebol! Na goleada do Santos (10 a 0), ontem (10/03/10), na Vila Belmiro, contra o trava-língua Naviraiense, do Mato Grosso do Sul, pela Copa do Brasil, houve, após o jogo, algumas declarações desses meninos que ainda chupam o dedo nas comemorações de seus gols. Robinho disse: “Aproveitamos bem as oportunidades, que foram muitas. E não tem que ter pena, pois se o Santos estivesse sendo goleado, o adversário também não teria. E a melhor maneira de respeitar o adversário, no futebol, é não parar de buscar o gol". O meia Marquinhos, autor do sexto gol do Santos, confirmou o discurso de Robinho. "Isso que estamos demonstrando é futebol show. Pedalando na hora que pode e fazendo gols. A humildade é o caminho para o sucesso e precisamos manter isso", disse. Até que as duas declarações dos garotos são razoáveis. Mas uma manchete, desse mesmo jogo, que aparece no Portal Terra, é preocupante. Ei-la: “Neymar humilha três e o goleiro em massacre santista”. Isso é um Fait-divers com repercussão linguística e sociológica. Vejamos. HUMILHAR significa tornar desacreditado, mal afamado, rebaixar. Convenhamos que não são significados nada elogiáveis ou gentis... MASSACRE vem do francês “massacre”, que significa ato de causar a morte de muitas pessoas ou animais. Tanto é assim que puristas da língua portuguesa (não nos incluímos neste caso) sugerem que em seu lugar se use trucidar, ou chacinar, ou humilhar, evitando, assim, o galicismo. Pelo exposto, não concordamos com essa descrição do jogo, o futebol falado, mesmo metafórica, por entendermos que é prejudicial à formação integral desses adolescentes e uma deformação impressionista da realidade esportiva, e que não condiz com a ética esportiva.





ATÉ A PRÓXIMA