PESQUISE NUMA BOA

sexta-feira, 24 de julho de 2009

BICHO ÀS AVESSAS


Para acabar com essa irritante dança de técnicos no Campeonato Brasileiro, basta que nos contratos dos jogadores fique estabelecido que nas derrotas haverá uma multa enorme. Assim, esses “trabalhadores” da bola, que dizem que exercem seu ofício com muito afinco, na hora “H” desempenhariam suas atribuições com muito mais “raça” e empenho. Dispensar técnicos mal sucedidos por péssimas atuações dos jogadores é muito fácil. Às vezes os jogadores, é certo, levam muito azar e a bola não entra. Outras vezes, levam muita sorte e a bola entra. Depende do vetor em que o apaixonado torcedor se encontra. Mas este expediente de despedir os técnicos por conta de derrotas sucessivas parece que é coisa mais de mercado do que de inteligência esportiva. Se nos contratos milionários, que, diga-se de passagem, não podiam existir, em nome da miséria do país e também de toda África negra, estivesse lá uma cláusula que fizesse o papel do “bicho” às avessas – lembram-se do bicho, uma grana substancial, dada aos jogadores, após as vitórias ? – esse negócio de amolecer as jogadas e outras formas de se aceitar o mau momento, por exemplo, desapareceria completamente. E não me venham dizer que isso não é possível sob a ótica jurídica, porque, juridicamente, não pode também haver contratos secretos e no Congresso Brasileiro o que mais ali tem é esse tipo de patifaria. No futebol, sem patifaria, é claro, porque futebol é coisa séria, essas cláusulas poderiam muito bem existir e as coisas fluiriam magnificamente bem. Não teríamos mais, num campeonato de um pouco mais de dez rodadas, como o Brasileirão deste ano de 2009, tantos técnicos demitidos e tantos jogadores estranhamente sem ritmo de jogo e atuando tão displicente e mediocremente. Ora bolas! Vamos, pelo menos, tentar!

ATÉ A PRÓXIMA

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A GALERA

Já não agüento mais ver pela televisão as torcidas nas arquibancadas dos estádios, por esse Brasil a fora. Principalmente nas tardes ou noites de inverno, em quase todas as regiões desse nosso imenso território. Os caras, vestindo casacos de moletom, com capuz, agasalhos parecendo imundos, tudo amassado e, talvez, fedendo, espargindo mesmo aquele odor acre de sabão ordinário, como diria o nosso escritor realista, Aluísio Azevedo, em seu romance O Cortiço. Não é preconceito, não! Apenas uma constatação. A nossa sociedade está órfã. Morreu a família. Ficou viúvo o Estado. A Família e o Estado são, no fundo, no fundo, responsáveis pela Sociedade, que distribui suas normas pelos indivíduos, agregados em grupos de solidariedade. Se esses grupos se dissolvem, os indivíduos vão procurar equivalentes, para se agregarem e se unirem em torno de uma nova forma de existência que lhes dêem perspectivas de vida, pois todos nós somos seres gregários. E o que tem tudo isso a ver com as galeras das arquibancadas dos campos de futebol? Tudo. A falta de informação e formação sistemática dos jovens das grandes cidades, aliada a uma péssima instrução para a sobrevivência, faz de uma massa incalculável de jovens uma manada de alucinados irracionais, pulando, quebrando, socando, brigando, xingando, berrando, agindo como verdadeiros animais, torcendo por seus clubes nos campos de futebol. O linguajar chulo já é um indicador dessa falta de educação que a família deveria dar. Mas essa instituição já não existe mais e muitos vão procurar no bando de equivalentes o amparo, o porto seguro, para que suas extravagâncias não sejam reprimidas imediatamente. Ao se agruparem, motivados por uma paixão também irracional – se toda paixão não fosse assim - , sentem-se protegidos e agem como feras soltas nos campos, nas ruas, nas favelas, nas praças, nos pastos, nas savanas ou na escuridão das matas virgens. A salvação para isso passaria pela Educação de Base. Pela Educação contínua, sistemática e assistemática, isto é, dentro e fora da Escola. Mas também nos campos de futebol de muitas praças de esporte da civilizada e culta Europa, vamos encontrar a violência viva nos estádios, deixando visíveis marcas de selvageria. Mas lá, outros fatos podem estar no epicentro desse terrível furacão de truculência urbana. Nos Estados Unidos não presenciamos esse tipo de violência esportiva. Parece que lá os esportes de massa não empolgam tanto, nem mexem com os nervos do saxão, como mexem com o sangue latino. Outros fatores, além da educação e da escolaridade servem de antídoto para dissipar a violência nos estádios americanos. Então, enquanto a bola rola no campo e a galera vibra e briga nas arquibancadas, os esportes de massa e, basicamente, o futebol vão se deteriorando, junto com a sociedade, sem família, sem valores morais, sem ética, deixando seus adeptos à mercê de um Estado viúvo, falido e quase sem forças para dar a volta por cima e casar de novo.

ATÉ A PRÓXIMA