PESQUISE NUMA BOA

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A ETIMOLOGIA DE FUTEBOL




Vamos falar sobre a palavra futebol. Vem da língua inglesa foot-ball.
Em português é futebol mesmo.
Em espanhol, ficou fútbol.
Em alemão é Fussball.
Em Portugal, Espanha e França usa-se a forma
inglesa football.
Na Itália é gioco del cálcio porque cálcio é pé, pontapé, coice. Na Inglaterra, a expressão football association reduz-se a soccer, para indicar o esporte em que somos pentacampeões mundiais e o vocábulo football designa o jogo rugby football, que lá se firmou como rugby (bola oval jogada com as mãos). O termo rugby provém do nome da escola Rugby School, em Warwickshire, onde teve início a prática desse jogo. Aqui no Brasil, no início do século passado, muitos tentaram traduzir o termo inglês para a nossa língua, chamando-o de balípodo, mas não obteve êxito junto ao povo. Além disso tudo, o futebol ainda é chamado de “velho e violento esporte bretão” por muitos locutores e comentaristas esportivos. Velho, porque tem mais de cem anos e violento, numa alusão às disputas de bola, nem sempre delicadas... Bretão, porque a Bretanha era uma província romana que abrangia a Inglaterra, o País de Gales e a Escócia Meridional. Com as migrações dos bretões nos séculos IV, V e VI, passaram a existir duas Bretanhas, a Grã Bretanha e a Pequena Bretanha. A primeira a atual Inglaterra e a segunda, a província francesa. Hoje falamos sobre o termo futebol e vimos muitas coisas interessantes a respeito desse vocábulo, porque esporte também é cultura.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

AUDIÊNCIA

A linguagem dos esportes está cheia de vida. Principalmente a linguagem dos esportes de massa. Aliás, o leitor sabe por que dizemos que um esporte é de massa? O que nos vem logo à mente é o futebol. Este esporte é de massa porque uma multidão está quase sempre presente nas arquibancadas ou em volta do alambrado dos campos de futebol e, além disso, as partidas são transmitidas pelas ondas de rádio até um grande público, por locutores e comentaristas especializados. E a televisão? Essa é a grande vedete do espetáculo, não nos esquecendo dos jogadores, obviamente. Pois é! A divulgação da partida pelo rádio e pela televisão, além dos comentários no dia seguinte nos jornais, faz com que o espetáculo seja visto, ouvido e comentado por milhares de pessoas, das quais nada sabemos a não ser que apreciam muito este esporte. São receptores sem rosto, anônimos, mas que existem e torcem, muitas vezes, fanaticamente. Eles se manifestam e são medidos, contabilizados, mas nunca identificados. Interessam aos institutos de pesquisa e são disputados pelo poder econômico que domina os aparelhos de divulgação de mensagens. A isso se chama AUDIÊNCIA.

domingo, 24 de agosto de 2008

FUTEBOL E INTIMIDADE



Quem observa atentamente o jogo de futebol, com os olhos interessados em buscar respostas para o que acontece com os jogadores envolvidos por seus movimentos acrobáticos na perseguição à bola e no contato que eles têm com ela, levando-a sempre colada a seus pés ou abraçando-a com as mãos, no caso dos goleiros, vai entender por que há uma relação imensa entre o futebol e a intimidade feminina. Essa visão de que o jogador persegue a bola em campo como o homem persegue a mulher para desfrutar de suas amabilidades é uma visão impressionista do observador. E o observador que a tudo isso presencia, por ofício, é o profissional do rádio, da Tv e dos diversos meios gutembérticos, como jornais e revistas. Essa visão impressionista cria termos e expressões, surgindo aí verdadeiros jargões que se incorporam à gíria do futebol. Essa linguagem especial trabalha basicamente com a estrutura morfológica da língua. As demais estruturas, como a fonética e a sintática quase não são atingidas por essa criatividade. É claro que esses novos termos e essa nova visão do jogo estão repletos de expressividade, daí a boa acolhida que têm pelo povão e por todos os amantes desse formidável esporte de massas, que é o futebol. Como a bola, a grande vedete do jogo, é um substantivo feminino, toda a carga semântica da feminilidade recai sobre ela, principalmente quando, na visão do narrador do jogo, os jogadores passam a desenvolver com ela um malabarismo circense de causar delírio nos espectadores. Sabe-se que as formas estéticas estão centradas na ótica do receptor e, portanto, os aficionados do futebol, que assistem aos jogos nas arquibancadas, de radinho colado ao ouvido ou no recesso do lar, comodamente refestelados no sofá da sala de jantar vendo o jogo pela televisão, transformando-se em receptores finais da grande mensagem audiovisual do espetáculo, estão todos prontos para serem multiplicadores desses mesmos valores estéticos, portanto. Então, tanto decodificado, à custa de seu próprio repertório, ou induzido a uma decodificação que os obriga a aceitar como belo o que vêem em campo, aceitam as acrobacias dos jogadores como Real e recriam em seu subconsciente o sema circense, com Fantasia. Aí, todos os componentes da sensualidade reprimida extravasam no delírio dos que torcem, com gritos de histeria e urros bem próximos do orgasmo. Assim, imagens subliminares se criam na mente do torcedor pela presença da pantomima executada pelo jogador que trama com a bola uma hipotética orgia libidinosa. Essa linguagem do inconsciente se consubstancia na letra do discurso lingüístico, através da metonímia, uma condensação manifesta e um deslocamento latente. Portanto, essas formas lingüísticas associadas à feminilidade e à intimidade libidinosa surgem pelo trabalho do discurso do Outro. Os termos, os sintagmas e demais expressões eivadas de erotismo são disseminadas por todos os que se identificam com a linguagem do futebol e proliferam. Muitos são os exemplos: ABRIR AS PERNAS; ACARICIAR A BOLA; AGASALHAR A CRIANÇA; BALANÇAR O VÉU DA NOIVA; CHAMAR A BOLA DE MEU BEM; CHAMAR A BOLA DE MARICOTA e muito mais. A origem está numa visão impressionista dos locutores, comentaristas e repórteres esportivos, mas, por esse modelo, o público-alvo também se torna criador, ficando a criatura perpetuada numa linguagem especial de uma época, que, se não for registrada, pode se perder no porvir.
Até a próxima.

domingo, 17 de agosto de 2008

CAMARÕES



O Brasil jogou sua última partida de futebol (15/08) nessas Olimpíadas de 2008, na China, contra um país de nome complicado. Aliás, essa equipe de futebol já complicou a nossa vida e é bastante conhecida de nossos jogadores, técnicos e dirigentes, isso porque nos mandou para casa mais cedo, nas Olimpíadas de 2000. Mas seu nome ainda desperta curiosidade por ser, no mínimo, inusitado. Camarão é aumentativo de um primitivo nome, hipoteticamente reconstituído, cámaro. Em espanhol é cámaro, camarón, do latim cammaru, do grego kámmaros. Já em italiano, a forma gambaro vem de uma variante latina cambaru, também hipotética, tudo registrado por Antenor Nascentes, em seu Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Na história do Brasil encontramos o herói indígena Potü ou Poti, batizado com o nome cristão de Antônio Filipe, aliado dos Portugueses nas lutas contra os Holandeses, no século XVII. O poti ou potim é o nome indígena do camarão, muito comum nos rios brasileiros. Na África, uma antiga colônia alemã, hoje país independente, tem o nome de Camarões, limitado a oeste e a norte pela Nigéria, a leste pelo Chade e pela República Centro-Africana, a sul pelo Congo, pelo Gabão e por Mbini (Guiné Equatorial) e a oeste pelo Golfo da Guiné, através do qual faz fronteira com a Guiné Equatorial, via a ilha de Bioko. Capital Taoundé. O nome Camarões corresponde ao francês Cameroun e ao alemão Kamerun. Segundo José Pedro Machado, “há quem chame Camerun a esta antiga colônia alemã em África, por adaptação de qualquer das formas (Cameroun / Kamerum). Estas, afinal, eram também adaptações, mas do português Camarões, nome de rio local onde havia desses animais em abundâncias e de apreciável tamanho”. Cita, a seguir, em seu Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa: “Adiante d’essa serra de Fernan do Poo duas legoas ao nordeste está hum rio que se chama dos Camarões e aqui há muita pescaria...”, in Esmeraldo, p. 126.
Bem, o jogo terminou com um placar modesto, só concretizado na prorrogação: Dois a Zero.
Gostaram? Mas camarão é bom mesmo no espetinho ou como molho numa autêntica moqueca baiana, não é mesmo?
ATÉ A PRÓXIMA.